Declarações após o jogo Gil Vicente-Paços de Ferreira (3-3), da 34.ª e última jornada da I Liga de futebol, disputado na sexta-feira no Estádio Cidade de Barcelos, em Barcelos.
Vítor Oliveira (treinador do Gil Vicente): “Penso que ninguém imaginava que o Gil Vicente pudesse fazer 43 pontos. Era uma margem extremamente otimista e até algo ilusória. O objetivo fundamental era ficar acima dos dois últimos lugares e isso pressupunha entre 32 e 35 pontos. Há mérito dos jogadores nesta pontuação que me parece interessante.
Hoje gostaríamos de ter ganho, mas não o conseguimos. Estamos tristes por isso, mas ao mesmo tempo muito felizes por tudo aquilo que fomos capazes de fazer ao longo da época. Foi fantástico, atendendo à conjuntura que rodeou a formação do plantel, a chegada do Gil Vicente à I Liga, a quantidade enorme de jogadores novos.
Todas essas situações somadas faziam supor um campeonato extremamente negativo. Houve analistas com responsabilidade que olhavam para o Gil Vicente como uma equipa condenada à partida, mas provámos com total merecimento que isso não era verdade. Fizemos um campeonato muito bom para a realidade do clube neste momento.
Importância de Rúben Ribeiro? Tem um talento enorme, mas é algo irregular. Chegou aos 32 anos sem conseguir dar um salto ao nível da sua qualidade. Quando se insere no sentido coletivo desta equipa, é um acréscimo fortíssimo. Quando o futebol passa a um desporto individual, nem o Rúben nos salva. Perdemos e ganhamos com e sem ele.
Não temos supertalentos, mas alguns bons jogadores que conseguem evidenciar-se quando estão inseridos num coletivo forte. O grande segredo do Gil Vicente não foi ter dois ou três jogadores que resolviam por si só, mas ter um grande sentido coletivo e dar uma resposta extremamente positiva nos momentos decisivos.
Futuro do treinador? Não posso desvendar, porque não sei. Certamente vou continuar ligado ao futebol, mas ainda não resolvi o meu futuro. Dentro das oportunidades que aparecerem, vou ver aquilo que entendo por melhor para a minha carreira.
Ausência de Sandro Lima da ficha de jogo? Está a ser negociado. O contrato é extremamente vantajoso para ele e merece esta oportunidade por tudo o que fez no futebol português. Entendemos que não deveria correr o risco de se poder lesionar”.
Pepa (treinador do Paços de Ferreira): “Foi um jogo intenso, entre duas equipas a procurar a vitória e com objetivos claros de subir na classificação. Não aproveitámos muito bem a entrada que tivemos e perdemos oportunidades para acalmar mais o jogo.
O Gil Vicente tem mérito ao fazer o empate num livre lateral. Sofremos outro golo numa transição, momento do jogo em que o adversário é forte. Continuámos e virámos, num jogo muito rápido e um pouco partido em alguns momentos.
Acima de tudo, tornou-se um jogo eletrizante. Qualquer equipa podia ter ganho, mas aceita-se o empate. Não foi um jogo típico de final de época, mas um duelo bem disputado. Os meus parabéns às equipas pela época e por aquilo que foi esta retoma.
Estreia do Matchoi Djaló? É mais um miúdo do grupo. Se jogou é porque trabalhou para isso. Claro que aproveitámos este momento para o lançar e se divertir em campo. Mais do que o golo, notou-se que estava solto e alegre. Tentámos procurá-lo entrelinhas e até podia ter tido mais bola, mas não tivemos tanta paciência para ligar o jogo por dentro.
O golo é fruto de quem está lá dentro. Ficámos todos muito contentes por ter aproveitado a oportunidade e ficado na história do clube. Foi uma boa estreia dele e do Zé Oliveira. Fala-se muito em prémios, mas eu não sou o Pai Natal. Isto é só para quem merece.
Importância do mercado de inverno? Decisivo não diria, porque ganhámos ao Moreirense em casa e saíamos da ‘linha de água’ apenas com um dos reforços que chegaram em janeiro. É justo valorizar a direção pelo empenho em trazer cinco jogadores que nos ajudaram muito, mas era muito injusto não darmos palavra à maior parte do grupo.
É muito fácil abandonar a equipa quando o barco começa a meter água. Ninguém saiu, agarrámo-nos todos uns aos outros, acreditámos no processo e o resultado é uma manutenção com muito mérito e qualidade. Marcámos 12 golos fora desde a retoma e isso é sinónimo de uma equipa que procura sempre vencer”.