Brady Gilmore teve uma expulsão ‘perdoada’ e agarrou hoje a oportunidade para se redimir, impondo-se ao sprint na quinta etapa da 86.ª Volta a Portugal em bicicleta, que ‘descansa’ na terça-feira com Artem Nych de amarelo.
Depois de ter chegado a vias de facto com três ciclistas portugueses na segunda etapa e de ter sido ‘poupado’ da expulsão pelo colégio de comissários, o australiano da Israel Premier Tech Academy foi hoje o mais rápido em Viseu, superando o colombiano Santiago Mesa (Efapel), segundo, e o português Iúri Leitão (Caja Rural), de Viana do Castelo, que foi terceiro, ambos com as mesmas 03:37.13 horas do vencedor.
“Foi fantástico. Esteve muito calor todo o dia e os rapazes fizeram um trabalho perfeito para mim. […] Fizeram um lançamento espetacular e estou feliz por ter conseguido corresponder”, declarou Gilmore, que lamentou as cenas que protagonizou em Fafe e disse ter aprendido a lição.
Numa etapa sem história na geral, Artem Nych (Anicolor-Tien) manteve as diferenças para os perseguidores e vai passar o dia de descanso, na terça-feira, vestido de amarelo e com o sul-africano Byron Munton (Feirense-Beeceler), a oito segundos, e o colombiano Jesús David Peña (AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense), a 12.
A principal notícia da jornada acabou por acontecer ainda antes da partida: no caos em que se transformou esta Volta, a organização ‘esqueceu-se’ de comunicar que o colégio de comissários, com uma ‘prestação’ verdadeiramente desastrosa nesta edição, tinha anulado a penalização de 20 segundos a Alexis Guérin, sendo a informação revelada pela RTP.
Os erros do colégio, que também falhou na cronometragem na véspera – ‘roubou’ um minuto aos fugitivos quando a corrida foi retomada após a neutralização -, sucedem-se, assim como as retificações de decisões, como a que prejudicou o francês, agora novamente quarto da geral, a 26 segundos de Nych.
Os comissários perceberam que o ciclista da Anicolor-Tien21, penalizado por abastecimento irregular na Senhora da Graça, não tinha bebido a garrafa que apanhou, usando-a apenas para se refrescar.
Nos 155,5 quilómetros desde Lamego, foi preciso esperar pelo quilómetro 39 para Diogo Narciso (Credibom-LA Alumínios-MarcosCar), Fábio Costa (Anicolor-Tien21) e Laurent Gervais (Project Echelon Racing) formarem a primeira fuga digna desse nome.
A eles juntar-se-iam, uns 30 quilómetros mais à frente, o líder da classificação da montanha e dos pontos, Hugo Nunes (Credibom-LA Alumínios-MarcosCar) e os seus colegas Gonçalo Leaça e João Medeiros, Pedro Silva (Anicolor-Tien21) e Gaspar Gonçalves (Gi Group-Simoldes-UDO), com a Caja Rural a assumir a perseguição.
Nunes foi o primeiro nas três contagens de montanha da etapa e consolidou a liderança da classificação que já ganhou em 2020, mas abdicou de lutar pela etapa, ao contrário de Pedro Silva, um dos corredores mais surpreendentes desta Volta.
O ciclista da Anicolor-Tien21 atacou várias vezes e, na primeira passagem pela meta, seguia isolado na companhia de Medeiros e Gonçalves, com o trio a ser apanhado nos derradeiros oito quilómetros graças ao perfeito trabalho da Israel Premier Tech Academy.
Numa etapa assinalada a vermelho pelos sprinters, a formação israelita lançou irrepreensivelmente Gilmore, que impediu o campeão olímpico Iúri Leitão de concretizar o objetivo de ganhar em Viseu.
“Se considerarmos que foram 155 quilómetros com 2.500 de acumulado, não sei se podemos dizer que foi uma etapa perfeita para sprinters […]. Uma subida de 30 quilómetros, uma de nove, uma de oito e outra de três no meio. E o circuito de sobe e desce, como é muito característico em Viseu, acaba por ser muito penalizador para nós”, criticou o português da Caja Rural, novo líder por pontos.
O pelotão descansa agora e regressa à estrada na quarta-feira em Águeda, cumprindo 175,2 quilómetros até à Guarda, onde a meta coincide com uma contagem de montanha de terceira categoria.