O Vitória SC assegurou hoje que “não foi percetível qualquer alegado comportamento racista” no jogo com o Rio Ave, no sábado, da 15.ª jornada da I Liga portuguesa de futebol, segundo os documentos referentes ao encontro.
Os vitorianos dizem estar “na posse de todos os relatórios das autoridades que cumpriram serviço no Vitória – Rio Ave” e afirmam que, em nenhum deles, há menção a “qualquer alegado comportamento racista”, na sequência do lance ao minuto 66, em que o árbitro André Narciso exigiu ao clube vimaranense a emissão do aviso sonoro para atos racistas, depois da denúncia do extremo do Rio Ave Emmanuel Boateng.
“O que é factual nestes documentos, onde constam testemunhos das forças policiais e segurança, equipa de arbitragem, elementos do Rio Ave e delegados da Liga Portugal, surge a mesma certeza: não foi percetível a ninguém a existência de (qualquer) alegado comportamento racista”, indica o comunicado, assinado pelo presidente dos vimaranenses, António Miguel Cardoso.
A nota assinada pelo dirigente vinca ainda que o “ruído folclórico” em torno desta situação causa um “péssimo serviço” à luta contra o racismo, uma causa que afirma ser de “todos” e merecer “um combate sem tréguas”, e lesa o nome e a “honra” do clube de Guimarães.
“As condenações sumárias, os juízos de valor antecipados e as agressões repetidas ao Vitória Sport Clube e à cidade de Guimarães não se vão apagar como borracha sobre lapiseira. Está escrito e não vamos esquecer”, acrescenta a nota.
As queixas de Boateng surgiram depois de o jogador ter pedido falta num lance disputado com dois atletas vitorianos, junto à bandeirola de canto, no limite entre a bancada nascente inferior e a bancada norte inferior do recinto vimaranense.
Depois do aviso emitido através das instalações sonoras do estádio, o jogo prosseguiu até ao apito final, tendo acabado 0-0.
Na sequência do caso, a Autoridade para a Prevenção e o Combate à Violência no Desporto (APCVD) anunciou, na segunda-feira, a abertura de um processo contraordenacional ao jogo entre Vitória SC e Rio Ave.
Segundo a curta nota da APCVD, as notícias sobre “insultos de natureza discriminatória e atos de racismo” no encontro, que acabou no sábado empatado a zero, no Estádio D. Afonso Henriques, levam à instauração do processo, “tendo em vista o apuramento de eventuais autores dos factos denunciados e responsabilidades daí decorrentes”.
Em outubro de 2020, a APCVD sancionou o Vitória por um caso semelhante, então relativo ao avançado do FC Porto Moussa Marega, numa decisão que condenou os vimaranenses a três jogos à porta fechada, tendo o clube recorrido.