O violonista João Silva, natural de Ponte de Lima, venceu este fim de semana o maior concurso europeu de World Music (músicas do mundo), o Prémio Andrea Parodi, em Itália, com a música “Tempo”, cantada em português pela italiana Margherita Abita, com quem forma o duo inspirado no Jazz e na World Music, “Still Life”
Sem qualquer expectativa que a música interpretada como solo vocal e violino chegasse sequer a ser selecionada para a final deste que é o prémio de World Music com maior adesão a nível europeu, por entre 350 projetos a concurso, ainda maior foi a surpresa quando a dupla percebeu que tinha conquistado não só o principal prémio – o de melhor música – como outros três distintos. Este concurso é uma homenagem a Andrea Parodi, um famoso cantor de Sardenha, morto há dez anos. A diretora artística é a reconhecida cantora italiana Elena Ledda.
O MINHO falou com o músico radicado no estrangeiro há nove anos, e este não cabia em si de contente: “É um prémio muito importante porque reúne músicos de vários pontos da Europa, e está também muito ligado a festivais de música e à imprensa de vários países, como França, Itália, República Checa, Suíça e Polónia, e isso para nós é muito bom por causa da divulgação”.
O grupo – Still Life – chegou à final com outras nove bandas a concurso, e conquistou o prémio de mulher música, melhor interpretação e os prémios Bianca D’Aponte International e Ragazzi.
“Estamos muito contentes porque estávamos a concorrer contra grupos que têm quase o dobro de anos de carreira do que eu tenho, por exemplo. Nós sendo uma banda que começou só há dois, três anos, foi um feito incrível”, destacou o músico.
A dupla luso-italiana vai agora receber, graças a esta vitória, 2.500 euros de bolsa de estudo, 10 mil para investir em agenciamento, e terá ainda participação garantida nos principais festivais de World Music e Jazz em Itália, assim como divulgação nos órgãos de comunicação da especialidade.
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A viver em Barcelona há nove anos, onde integra vários projetos relacionados com diferentes estilos, o músico de 30 anos começou no Racho Infantil e Juvenil de Freixo (Ponte de Lima), passou pela Escola Profissional de Música em Viana do Castelo, onde explorou uma vertente mais clássica da música com o violino. Passou depois três anos em Lisboa onde estudou no Hot Club de Portugal – e onde desenvolveu a paixão pelo jazz e pelo improviso.
“Depois vim para Barcelona e ainda por cá estou, tenho grupos, tiro formações e já gravei vários discos”, conta. Toca em clubes de jazz, bares musicais, mas a maior parte dos concertos são dados em salas, clubes e festivais. Viaja também pela Europa em digressão pelos maiores festivais de jazz, disse a propósito de uma entrevista a O MINHO em junho de 2020.
Sobre a entrada deste estilo mais rebelde na vida, João recorda que já ouvia jazz em Ponte de Lima, mas não de uma forma aprofundada: “Quando acabei de estudar em Viana fui para Lisboa estudar clásssicas quando tive contacto com músicos de jazz, comecei a ver que o improviso era uma forma de composição instantânea e percebi que era o caminho para poder tocar a minha música e expressar-me de uma forma mais livre”.
Para além de jazz, João ganha a vida a tocar flamenco e música balcânica nos grandes clubes de Barcelona. “Mas o jazz e a improvisação são a minha base”, reforça. Com reconhecimento em Espanha, Itália, e agora um pouco por toda a Europa, não está nos planos de João um regresso a Portugal num futuro próximo.