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Já há dados para os avistamentos de supostos Objetos Voadores Não Identificados (OVNI) durante o ano de 2023 em Portugal, com o número a aumentar dos 31 sinalizados durante o ano de 2022 para 33 no ano transato. Em 2021 foram 19 os avistamentos. Os dados constam no “Relatório Anual Estatístico de Ocorrências de Fenómenos Aeroespaciais em Portugal” para 2023.
O trabalho é do Centro de Investigação de Fenómenos Aeroespaciais (CIFA), com sede em Vila do Conde, no distrito do Porto, que integra um grupo de investigadores, cientistas e civis de diferentes pontos do país, que recolhem e analisam dados para, de forma precisa e com consulta das fontes oficiais, tentarem explicar os avistamentos.
Em declarações a O MINHO, o presidente do CIFA, Vítor Moreira, adiantou, que entre 2021-2023, “são 83 ocorrências de fenómenos analisadas de forma mais apropriada”, ressaltando que, este ano, “há um caso considerado como provável ‘não identificado’, ou ‘fenómeno aeroespacial desconhecido’ na sua origem, nomeadamente ocorrido em julho, no Alentejo.
De resto, no relatório composto por 34 páginas, dá-se ênfase a fenómenos que mantêm erros de interpretação pela população, nomeadamente os famosos Starlink, mas também e de forma relevante, os projetores laser de discotecas e drones, além de balões nos seus diversos modelos e formatos.
Avistamento em Barcelos
Esta ano há um caso registado no distrito de Braga, mais concretamente na freguesia de Aborim, em Barcelos, quando um homem que ia a sair de um café avistou “várias luzes no céu com arestas nas pontas, de cor verde, amarela, azul e vermelha”. A situação aconteceu às 23:20 do dia 10 de maio de 2023.
O CIFA analisou o vídeo e as fotos enviados pelo barcelense e concluiu que se tratavam de “aeronaves teleguiadas em evoluções no espaço de curtas distâncias” com 100% de certeza. Mais concretamente, drones com luzes de múltiplas cores.
Projetores laser, balões e drones continuam no topo das explicações
As classificações determinadas com origem em projetor laser e vários tipos de
balão, “foram igualmente as categorias que suscitaram mais confusões de interpretações pela
ineficácia de conhecimento das testemunhas na sua leitura no firmamento”, esclarece Vítor Moreira.
“Pelos mesmos motivos apresentados no ponto anterior, a tecnologia de aeronaves não tripuladas e controladas remotamente (drones), continua a ser preponderantes como uma das categorias que mantém forte presença nos casos globalmente analisados”, considerou.
Fenómeno diurno não explicado no Alentejo
Dos 33 registos analisados pelo CIFA, existe um que pode “ser considerado como provável fenómeno aeroespacial desconhecido ou fenómeno aéreo não identificado em território nacional, e aconteceu em Viana do Alentejo, Évora.
Explica a testemunha que no passado dia 10 de julho, pelas 12:00 horas, deslocava-se numa viatura automóvel quando constatou, no seu lado esquerdo, no horizonte, um reflexo de cor vermelha que o encandeou na condução. O condutor parou a viatura e tentou acompanhar o fenómeno diurno, algo que conseguiu durante 5 a 7 segundos ao longo de entre 250 a 300 metros da sua localização.
Apesar de haver 25% a 75% de hipótese de se ter tratado de um drone da Força Aérea Portuguesa com infravermelhos, os investigadores da CIFA não conseguiram chegar a uma conclusão definitiva, pelo que ainda aguardam explicações de outras fontes para tentar solucionar o caso com 100% de certeza.
Todos os restantes registos de ocorrências foram devidamente classificados como
explicados, “não obstante, de alguns carecerem de maior informação complementar de dados para
análise mais aprofundada”, considera o CIFA.
Starlink continua a confundir
Um “aspecto importante” que o CIFA pretende destacar neste relatório, é a “referência de várias ocorrências relativo à rede de satélites Starlink”.
“Consideramos que, atualmente, este é um dos temas que mais erros de interpretação tem originado e que necessita de um maior trabalho de esclarecimento, por parte do CIFA, à comunidade”, refere Vitor Moreira.
Em conclusão, Vítor Moreira considera que “contínua a ser um elo fundamental de partilha para o conhecimento da opinião pública, procurando manter e estabelecer um canal de informação recíproco”.
“Somos uma equipa multi-facetada que procura aprofundar o estudo, análise e investigação do fenómeno OVNI no nosso país, onde a busca e o encontro por padrões relevantes no fenómeno são as nossas metas fundamentadas na nossa existência”, afirmou o investigador.
O CIFA é uma associação civil de estudo, apoiada pela Câmara Municipal de Vila de Conde, com um grupo de 23 membros investigadores nacionais.
Nova casa para a CIFA
Vítor Moreira adiantou a O MINHO que a associação aguarda “ainda este ano a mudança das suas instalações provisórias para definitivas, que vai permitir ter uma capacidade operacional de trabalho muito relevante na questão interventiva dos fenómenos”.
“Vamos ter um ponto de encontro com a sociedade civil, onde esperamos levar igualmente a nossa mensagem a todas capitais de distrito numa exposição documental sobre o tema”, programada a sua conclusão para o corrente ano.
“A necessidade de utilização de meios técnicos de monitorização do firmamento, está a ser estudada para aplicação num protótipo tecnológico a ser desenvolvido por alguns dos nossos membros”, sublinhou.
Visitar 30 aeródromos
O CIFA anunciou ainda que este ano irá dar inicio a várias visitas aos aeródromos nacionais com a intenção de levar os estudos e localização de testemunhos aéreos, por se tratar de uma “classe predominantemente técnica de observar o firmamento”.
O CIFA adianta que o projeto “AERO24UAP” pretende arrancar em junho e finalizar durante o próximo ano, num total de mais de 30 visitas presenciais devidamente programadas.