As três praias fluviais da antiga aldeia de Vilarinho da Furna, na freguesia do Campo do Gerês, em Terras de Bouro, estão este Verão submersas pelo enchimento à cota máxima da Albufeira da Barragem da EDP, o que tem motivado o desalento por parte dos habituais frequentadores.
Também se queixam que a qualidade da água não é a mesma, por o curso a montante do Rio Homem estar agora misturado com água do Rio Cávado, artificialmente elevada desde a Albufeira da Caniçada, em Rio Caldo.
Na base da situação está a necessidade de manter as barragens portuguesas, tal como as espanholas, cheias até cima, acordada pelos Governos de ambos os países ibéricos, numa cimeira havida em Lisboa, antes do início deste Verão, como reservas face à seca, que além de servir de alternativa para abastecimento de água, poderão também ser precisas para gerar mais eletricidade.
As três praias fluviais, do Arco da Mondeira, da Portelada e do Padre do Outeiro, todas na margem direita do Rio Homem, já não têm areal, o que limita a frequência do espaço em redor da antiga aldeia comunitária, no lugar da Vilarinho da Furna, mas a tendência de quem conhece a zona de anos anteriores é ir a banhos, embora com o caudal muito mais elevado que o habitual.
O presidente da Associação dos Antigos Habitantes de Vilarinho da Furna (AFURNA), Manuel de Azevedo Antunes, reeleito este domingo, afirmou a O MINHO que “a água límpida do Rio Homem, que nasce aqui perto, mais acima, está conspurcada, com a subida da água do Rio Cávado, através do túnel direto, vinda da Caniçada, de Rio Caldo, de Valdosende e outros locais”.
Enquanto Manuel de Azevedo Antunes prestava declarações a O MINHO, chegou um casal de espanhóis, com dois filhos, de Madrid, para tentarem vislumbrar alguns vestígios das ruínas da antiga aldeia de Vilarinho da Furna, mas não o conseguiram.
Um dos rapazes, depois de vir à tona e retirar o escafandro, gritou para os pais que a água cheirava “a mierda”, tendo o outro dos dois filhos dito que “a água está muito turva”, ao mesmo tempo que mostrava desalento, por “não ver nada das casas antigas”.
O presidente da AFURNA, Manuel de Azevedo Antunes, entretanto, lamentou que “mandem água com porcaria cá para cima, para o Rio Homem, deixando o Rio Cávado, em Rio Caldo, com áreas de areal para veraneantes, que este ano nós não temos”.
“Merecíamos mais respeito, não só nós que fomos daqui corridos há 50 anos, com o valor de meia sardinha por metro quadrado, mas principalmente quem nos visita, que se sente defraudado, como esta família vinda de Madrid”, disse o líder de AFURNA.
Mas, antes de quebrarem que torcerem, os antigos habitantes de Vilarinho da Furna, mantêm aquele espaço aberto, com uma passagem pela tranqueta onde está o guardião da antiga aldeia, António Barroso, conhecido no Gerês pela alcunha de “Lojas”.