Em 31 de janeiro de 1999, um domingo, a aldeia de Coucieiro vivia um dos momentos de maior sobressalto. Três irmãs que exploravam uma mercearia/tasca foram brutalmente atacadas durante a hora da missa, acabando por morrer. O caso conheceu muitos suspeitos mas não houve acusação formal. Entretanto, em 2014 o crime prescreveu sem que fossem encontrados culpados pelo hediondo massacre que ainda hoje é encarado com bastante reserva pelos habitantes de Vila Verde, que, com frieza e alguma indignação por nunca o verem resolvido, o apelidaram de “o crime perfeito”.
Ester Maria – a mais velha de três irmãs que exploravam um mercado no rés-do-chão da moradia onde residiam à face da estrada municipal 531(2) – foi a primeira a morrer. Vítima de nove facadas, no tórax e no abdómen, ainda estava deitada quando foi surpreendida pelo homicida que agiu durante a hora da missa. Os populares falam em “um”. A Polícia Judiciária concorda. Mas nunca houve certezas quanto ao número de atacantes. Nem sequer do motivo que levou a este desfecho.
Rosa e Olívia não estavam em casa, mas chegariam minutos depois, para seu próprio infortúnio. Abriram as portas do mercado, ainda fechado àquela hora, para serem surpreendidas na entrada. Desta vez, o agressor utilizou um objeto pesado de ferro, desferindo vários golpes na nuca das duas irmãs. Nesse momento, ter-se-á colocado em fuga.
Maria da Conceição e a filha residiam a cerca de 500 metros da residência das três irmãs, numa rua perpendicular. Foram comprar pão e, ao empurrar a porta de entrada, que se encontrava semi-aberta, depararam-se com o cenário de horror. Começaram em “prantos”, pelo que José Sampaio, marido e pai das duas mulheres, foi atraído pelo barulho e deparou-se com mesmo cenário, isto à hora em que a missa terminava. A GNR foi chamada.
Vindos da missa, dezenas de habitantes de Coucieiro pasmaram em frente à residência das irmãs e muitos deles entraram dentro da casa,e acabando por contaminar as provas, algo que dificultou sobremaneira o trabalho de investigação das polícias.
Rosa morreu no dia seguinte, no hospital. Olívia sobreviveu durante uma semana, em coma, até perecer. Desapareceram “20 contos” de dentro da habitação. Havia gavetas remexidas pelo agressor que, concluiu a ‘judiciária’, estaria à procura de algo que poderá ou não ter encontrado. Algumas pessoas chegaram a ser interrogadas nos calabouços daquela polícia, em Braga, mas ningúem foi formalmente acusado. Suspeitas foram algumas. Vingança, assalto, motivos fúteis ou pura vontade de matar. Nunca nenhum foi comprovado. Falou-se em questões de partilhas familiares mas a tese que ganhou maior consistência por entre populares foi a de um grupo de jovens toxicodependentes que se dedicava a furtos naquele concelho. Um dos elementos acabou por cumprir pena de prisão por outros crimes, mas nunca por este.
Manuel Silva, um dos dez herdeiros da habitação, revelou que a mesma nunca mais foi ocupada depois da tragédia, e esteve à venda vários anos. Recentemente, já sem telhado e bastante devoluta, as placas de venda foram retiradas e limpos os terrenos em redor. A dúvida, essa, permanece. Quem matou Ester, Rosa e Olívia?