O militar da GNR que estava acusado de ter agredido um colega dentro do posto da GNR de Prado, em Vila Verde, foi absolvido pelo Tribunal Judicial de Vila Verde, onde se provou que a vítima foi o próprio arguido, suturado com diversos pontos, no Serviço de Urgência do Hospital Braga, por no quartel lhe terem rebentado o lábio.
A situação tem a ver com um incidente entre dois guardas do posto da GNR de Prado a meio da tarde de 09 de dezembro de 2019, por alegadamente ter sido dado como adquirido que o esquema de folgas para as festividades do Natal e do Ano Novo teriam sido dificultadas por um dos elementos daquele quartel, tendo um dos militares que se sentiu prejudicado tentado tirar satisfações junto do seu camarada dentro do posto.
A juíza considerou que em face das contradições dos depoimentos do queixoso e do arguido, ambos então a prestar serviço no mesmo posto da GNR, nunca se poderá concluir que o agora arguido tivesse sido o agressor, uma vez que “se um militar [o queixoso] é agredido e é ainda acusado de ter agredido o seu agressor [o arguido] perante outros colegas, a reação instintiva mais comum seria de imediato dizer perante todos ‘eu é que fui agredido’, contudo a única preocupação do queixoso foi sempre dizer que não agrediu, procurando, inclusivamente, meios de prova que o pudessem comprovar”, enquanto o seu camarada estava todo ensanguentado na cara.
O ferido acabaria por ser o único julgado, em função das contradições das testemunhas, todos militares do posto de Prado, mas o Tribunal de Vila Verde, após o julgamento, absolveu o arguido, porque, segundo a juíza, atendendo às regras da normalidade, tudo indica que o agredido foi o próprio arguido, sendo pouco provável que o queixoso tivesse levado uma cabeçada na zona occipital do crânio, ao contrário do que dizia, muito menos “que se tivesse baixado para se defender”, descredibilizando logo assim a versão do queixoso.
O advogado Pedro Miguel Carvalho, defensor do arguido absolvido, afirmou a O MINHO que “esta decisão impunha-se, mas só parcialmente repara e repõe a verdade, dado que incompreensivelmente o meu cliente era vítima e passou a arguido, acabando por ser quem foi julgado, fruto de uma investigação deficiente que não quis ou não foi capaz de perceber isso, em face da manifesta falsidade das imputações levadas a cabo por quem jurou respeitar a lei, mas o que não fez, desta forma desonrando a própria farda que mal enverga”.