Vila Verde cada vez “mais forte” na produção de mirtilo, kiwi e vinho tinto

Agricultura

O concelho de Vila Verde tem apostado na produção agrícola aproveitando o vasto território disponível. Mirtilos, Kiwis e vinho tinto são os principais produtos com craveira de produção vila-verdense.

A informação foi avançada na sexta-feira pelo presidente da ATAHCA, José Mota Alves, durante uma conferência sobre “Agricultura e o Mundo Rural” promovida pelo PSD de Vila Verde.

Mota Alves apontou a introdução de novas variedades de produções agrícolas com particular sucesso nas freguesias a Norte do concelho, como é o caso dos mirtilos – com uma produção de 50 hectares atingida no concelho em 2020, envolvendo 38 agricultores.

“Ser território de minifúndio não significa que não possa ser rentável”, frisou, embora reconhecendo que há outras culturas com menos sucesso – como framboesa, amora e maracujá, devido à elevada mortalidade das produções.

Na vinha, tem-se registado um decréscimo nas últimas décadas, por força de uma grande reestruturação: dos 274 mil hectares de vinha atualmente existentes, mais de 250 hectares são vinhas novas, com boa rentabilidade. Mota Alves destacou que “Vila Verde e Ponte da Barca têm condições para produzir os melhores tintos de Vinho Verde”.

Num concelho que tem das mais antigas produções de kiwi – que neste momento compreendem cerca de 90 hectares -, o presidente da ATAHCA salientou que há também novos projetos interessantes destes frutos.

Em boa evolução estão também as produções de citrinos (atualmente com 10 hectares de exploração e que até 2030 poderão chegar aos 50 hectares), de cidrão, maçã porta-da-loja (uma variedade regional muito identificada com o Minho) e cogumelos (onde é preciso garantir maior apoio técnico para acautelar os elevados índices de mortalidade).

Produção de carne de “elevada qualidade”

Mota Alves destacou ainda “elevados padrões de qualidade ao nível da criação animal”, destacando as raças bovinas barrosã e minhota. Uma situação que o presidente da cooperativa agrícola CAVIVER, José Manuel Pereira, identificou e comprovou, mas que acarreta custos mais elevados num concelho com a extensão e a diversidade de produções como Vila Verde.

“Temos carne e produção de qualidade elevada. Estamos a investir na produção controlada e na sanidade animal. É importante. Mas sai caro, sobretudo no nosso concelho de minifúndio, extenso e com muita dispersão de explorações. Por causa da sanidade, estamos em grande dificuldade nos preços. Há concelhos onde é possível praticar preços mais baixos. Mas as pequenas explorações são importantes e vamos continuar”, garantiu José Manuel Pereira, também produtor e empresário no setor das carnes.

O responsável da cooperativa vilaverdense reclamou o reforço de programas de apoio e incentivo para assegurar o acompanhamento e a sobrevivência das explorações. A CAVIVER tem assumido um esforço particular também no trabalho de aconselhamento e formação. Em 2020 somou “2700 horas de formação gratuita”, em áreas como a utilização em segurança de máquinas agrícolas e produtos fitofármacos.

No concelho de Vila Verde, a CAVIVER regista cerca 419 explorações bovinas e 522 explorações de ruminantes ativas, nas quais apenas ocorreu um caso positivo de brucelose em três anos. José Manuel Pereira congratulou-se ainda com a existência de jovens a lançar novas explorações.

Mota Alves aproveitou para reforçar o desafio “a quem tem terras ou pense investir na agricultura para, antes de avançar com os projetos, procurar ajuda técnica e avaliar a melhor rentabilidade”, apontando ainda o enoturismo como uma aposta para promover o desenvolvimento rural, associando a agricultura à gastronomia e produtos locais, como os Lenços dos Namorados.

Já a vereadora Júlia Fernandes, também presente na conferência, sublinhou o reconhecimento de que não é possível assegurar o desenvolvimento rural sem uma aposta estratégica séria na agricultura.

Nesse sentido, destacou o impacto de propostas para o lançamento de um mercado de produtos locais e a criação de gabinetes de apoio técnico a novos investidores e novas produções.

 
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