Declarações dos treinadores do FC Porto e do Gil Vicente no final do encontro da 24.ª jornada da I Liga portuguesa de futebol, disputado no domingo, no Porto, e que terminou empatado 1-1:
– Ricardo Soares (Treinador do Gil Vicente): “O jogo não começou bem para nós, houve uma abordagem do Vítor [Carvalho], a bola fugiu para a frente. É vermelho, nada a dizer. O Manuel Mota esteve ao nível do jogo, com uma excelente arbitragem. Não queríamos abdicar da nossa personalidade, do nosso processo de jogo.
O FC Porto via aqui uma possibilidade de aumentar uma vantagem, este é o melhor FC Porto dos últimos cinco anos. É uma equipa muito comprometida à imagem do que o Sérgio era como jogador. Mas nós temos uma primeira fase muito forte, sabíamos que, com menos um, o resultado seria certamente a derrota. Os meus jogadores fizeram um trabalho extraordinário, com muita capacidade para deixar o FC Porto desconfortável. O empate é justo.
Não olho para essa situação. É importante ter a consciência do jogo extremamente difícil, mas era nossa ambição pontuar cá. Viemos aqui deixar a nossa marca, o futebol positivo, sem medo, olhos nos olhos seja com quem for. Era um grande desafio fazer isso contra o FC Porto.
Penso que 11 para 11 seria um grande espetáculo de futebol. Não vínhamos cá com autocarros, vínhamos disputar o jogo. Os meus jogadores têm feito coisas extraordinárias a nível da beleza do jogo. Trazer pontos era o objetivo. Em 24 jogos aqui, o Gil Vicente tinha zero pontos, mas agora os meus jogadores ficaram na história.
Estamos numa posição privilegiada, mas não me preocupo com isso. Não é questão de pressão, o meu foco são duas coisas: melhorar os jogadores e a equipa. Tiveram um crescimento impensável, mas eles têm talento. Sabia que se eles melhorassem a minha equipa ia dar um salto qualitativo.
Não vou ser hipócrita, nunca pensei. Quando começou a época e quando fomos para estágio, achava que íamos ter dificuldades na I Liga. Mas, ao fim de três semanas, vi a capacidade e foco dos jogadores, predispostos a melhorar o rendimento individual, tivemos muitas conversas.
Modificámos muito a equipa, contratámos 18 jogadores e era uma incógnita, mas nunca pensei que a equipa apresentasse uma qualidade de jogo como esta.
É continuar a trabalhar, que isto muda muito de repente. Temos mais margem para crescer e espero que a partir deste jogo possam dar o devido valor a esta equipa, é da mais elementar justiça.
É um orgulho muito grande fazer parte deste grupo. Não tenho palavras para descrever estes rapazes. Eles podem fazer uma carreira diferente. Mas eles também me obrigam a trabalhar mais. Estou com uma felicidade não por empatar, mas por ver os meus jogadores a não abdicar desta forma de jogar.
Podia dizer que estava preparado para jogar com menos um. Mas não preparei nada disto. Preparámos os jogadores para perceberem de tática. Quanto mais perceberem do jogo mais boas respostas vão dar. Tirando o cansaço que podia existir, o FC Porto tinha tudo a seu favor. O desafio era saber isso, mas conviver com naturalidade com a força do FC Porto, não sair do nosso registo. O segredo passou por respeitar muito o FC Porto. Só com o Sporting esta equipa não conseguiu apresentar qualidade de jogo, no resto dos jogos deixámos a marca Gil Vicente bem vincada”.
– Sérgio Conceição (Treinador do FC Porto): “Com cansaço ou sem ele, devíamos ter feito mais e não perdido a nossa identidade. Com a superioridade numérica podíamos e devíamos ter feito mais.
Se faltassem três jogos para o final diria que sim. Claro que, com o Gil em inferioridade numérica, os adeptos esperavam que fizéssemos mais do que fizemos. Quisemos atacar à pressa, sem critério, a definir mal no último terço. Houve muitas situações em que não fomos eficazes. Algumas coisas não correram tão bem. Obviamente o que criámos era suficiente para ganhar, mas temos de dar mérito ao Gil que jogou consoante aquilo que tem feito no campeonato, é uma equipa bem organizada e com excelentes individualidades. A pontuação é a mesma com uma jornada a mais, é olhar para quarta-feira [jogo da primeira mão das meias-finais da Taça de Portugal, no terreno do Sporting] e trabalhar em cima do que não correu bem.
O espírito de sacrifico das equipas que ficam em inferioridade numérica é ainda maior. Fecham-se ainda mais. Mas não é por aí. Tínhamos de ter a inteligência de encontrar o espaço. Houve algumas coisas que não correram tão bem.
A entrada do Galeno teve que ver com a inferioridade numérica do adversário. Para dar velocidade na esquerda. Teve alguma dificuldade no jogo. Achei que a entrada do Francisco [Conceição] e a saída dele seria benéfico para a equipa.
Parafraseando o Sr. Pedroto: ‘o resultado final é o mais importante’. Só se no final da época conquistarmos títulos. O resto, a mim, não interessa”.