O jovem que ateou fogo, com os pais dentro de casa, em Vieira do Minho, foi declarado inimputável pela Instância Central Criminal de Braga, pelo que não pode ser condenado, mas vai continuar internado numa unidade terapêutica controlado com a pulseira eletrónica.
Marco V., de 31 anos, solteiro, já se encontrava preventivamente em tratamento numa comunidade terapêutica em Valbom, no concelho de Gondomar, distrito do Porto, onde terá de ser agora tratado devido às suas dependências de álcool e de droga.
O jovem vieirense, que residia na freguesia de Anissó, em Vieira do Minho, permanecerá internado durante menos três anos, sempre como medida de segurança, podendo ser prolongado esse período, mas nunca ultrapassando os dez anos, para fazer um tratamento a álcool e droga, prevenindo o cometimento de casos idênticos, como decidiram os juízes.
No julgamento Marco confessou que na madrugada de 14 de setembro de 2021, na residência onde coabitava com os pais, na freguesia de Anissó, em Vieira do Minho, ateou o fogo enquanto ambos dormiam, mas dizendo que “só queria queimar o meu quarto para apagar recordações de um desgosto amoroso”, mas o incêndio alastrou a toda a moradia.
O jovem disse ainda que na altura “estava descompensado, por não tomar a medicação para a esquizofrenia”, além de ter passado toda a noite a consumir álcool e droga, só que “nunca pensando que as chamas poderiam ter alastrado ao resto da casa”, o que aconteceu.
Pensava que a mãe o queria envenenar
Segundo a acusação do Ministério Público, que pediu a sua inimputabilidade, “o arguido estava então convencido de que a mãe punha veneno na comida que lhe servia, decidindo colocar fogo à casa dos pais, quando estes dormiam e para isso foi buscar um bidão, com combustível, o que espalhou pelo primeiro andar da casa, ateando fogo com um fósforo”.
“Convicto que o fogo se manteria aceso e que alastraria a toda a habitação, podendo assim também queimar vivos os seus pais, fugiu em corrida da casa, sem sequer os avisar, nem os vizinhos ou os bombeiros, tendo-se escondido nos montes durante horas consecutivas”, como se provou, sendo que nessa altura “a mãe apercebeu-se do fogo e conseguiu fugir a tempo, queimando-se na zona do pescoço e costas, enquanto o pai, que tem problemas de locomoção, também escapou ileso, saindo de casa com a ajuda de um vizinho”, diz o MP.
O incêndio propagou-se rapidamente a toda a casa, destruindo por completo as divisões no primeiro andar, causando logo a queda de quase todo o telhado e o jovem manteve-se “sempre escondido” até que ao começo da tarde foi detido pela GNR de Vieira do Minho.
Na altura da detenção, em declarações ao juiz de instrução criminal, o arguido disse que pegou fogo à casa para “assustar” a sua mãe, para que ela deixasse de colocar veneno na comida, mas no julgamento disse que “nessa altura não estava bem e confundi as coisas”.