O presidente da Câmara de Vizela, Victor Hugo Salgado, foi reeleito domingo, assegurando a “maior vitória do PS a nível nacional”, depois de, em 2017, após rutura com os socialistas, ter vencido à frente de lista independente.
“Com este resultado foi assegurada a reconciliação plena com o PS”, afirmou hoje em declarações à Lusa, recordando que a recente passagem do secretário-geral, António Costa, pelo concelho contou com “uma das maiores receções” da recente campanha autárquica.
Victor Hugo Salgado, de 44 anos, licenciado em direito, foi vice-presidente da câmara liderada por Dinis Costa. A situação ocorreu a meio do mandato autárquico 2013/2017, devido a conflitos internos no partido, quando se discutia a indicação do cabeça de lista para as autárquicas de 2017.
De seguida, o então presidente do município e da concelhia socialista retirou os pelouros e o regime de permanência ao seu número dois, responsável pelo pelouro financeiro na autarquia, e adversário na luta interna socialista, que cumpriu o resto do mandato sem atribuições executivas (pelouros).
Chegadas as eleições de 2017, Victor Hugo Salgado, já sem o cartão de militante que entregara ao partido em janeiro desse ano, concorreu à frente de uma lista de independentes denominada “Vizela Sempre”, conquistando a presidência da Câmara de Vizela ao PS, com 38,79% (três mandatos), mas sem maioria absoluta, o que obrigou a um acordo de governação com um vereador da coligação PSD/CDS-PP, a segunda força mais votada, com 27,18% (dois mandatos).
Ao longo do atual mandato autárquico, caracterizado por mudanças na gestão do município, houve divergências com o Governo socialista, sobretudo com o ministro do Ambiente, Matos Fernandes, devido a problemas de poluição no rio Vizela, inclusive com recurso aos tribunais, um dossier importante para aquele concelho.
Na reta final do mandato, ocorreu uma aproximação entre o autarca independente, ex-militante socialista, e o PS, que culminou na sua recandidatura à presidência do município em listas daquele partido, mas mantendo a condição de independente, que prevalece, disse hoje à Lusa.
Nas eleições de domingo, a lista do PS, liderada por Victor Hugo Salgado, alcançou a maior votação do Partido Socialista a nível nacional, 74,09% dos votos, como salientou o autarca.
Em número absoluto de votos, o presidente quase duplicou o resultado, o que se traduziu em seis assentos no executivo, o dobro do alcançado em 2017, com independente. A segunda força mais votada no domingo, a coligação PSD/CDS, alcançou 17,87% e elegeu um vereador.
“Foi um resultado extraordinário e a convergência com o PS foi importante”, comentou o autarca de Vizela.
Considerou, ainda, que a votação reflete “o trabalho muito expressivo de mudança radical realizado no concelho pela sua equipa na câmara e o reconhecimento da população”.
O facto de contar agora com maioria absoluta vai permitir, concluiu, realizar um mandato mais tranquilo, sem necessidade de acordos com a oposição.