Eugénia Santos, vice-presidente da Distrital de Braga do Chega e candidata à Câmara nas últimas autárquicas, foi suspensa por 90 dias pela Comissão de Ética do partido, ao abrigo da “lei da mordaça”. Em causa estão as críticas ao presidente da Distrital, Filipe Melo, eleito deputado à Assembleia da República nas últimas legislativas. Na reação, Eugénia Santos adianta que vai apresentar a demissão da Distrital e desfiliar-se do Chega.
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“A Comissão de Ética informa que, ao abrigo da Diretiva n.º 3/2020 e do Regulamento Disciplinar, foi aprovada a suspensão provisória da militante Eugénia Fernanda dos Santos por um período de 90 dias”, pode ler-se na comunicação da Comissão de Ética publicada, ontem, no site do Chega.
“Mais se informa que a suspensão provisória do militante tem ainda efeitos quanto a todos os mandatos e funções do visado, bem como quanto à sua capacidade eleitoral ativa e passiva”, refere a mesma nota.
Em causa estão as críticas de Eugénia Santos ao deputado eleito por Braga, Filipe Melo, que tem dívidas superiores 80 mil euros na lista pública de execuções.
Aliás, Eugénia Santos mostrou-se solidária com um “comunicado conjunto” das concelhias de Braga que pedem o afastamento do líder da Distrital.
Essas críticas, invocando aquela que ficou conhecida como “lei da mordaça”, instituída por André Ventura para travar os constantes ataques entre militantes, levaram a Comissão de Ética a suspender Eugénia Santos.
Esta manhã, num texto publicado na sua conta de Facebook, Eugénia Santos já reagiu: “Independentemente do que aconteça daqui para a frente (…) não vou continuar a representar esta distrital e apresentarei a minha demissão e procederei à minha desfiliação do partido”.
A ex-candidata à Câmara de Braga dá conta que, “após a entrega das listas de deputados pelo circulo eleitoral de Braga, [recebeu] uns documentos relativamente ao presidente da distrital de Braga”.
“Preocupada com a gravidade do que me foi entregue, entrei em contacto com o Presidente do partido André Ventura e fui ter com ele a Tomar no dia 11 de Janeiro de 2022 apresentando toda a documentação que tinha em minha posse. Fiz o que achei ser mais correcto pelo partido e pelo futuro do país”, acrescenta.
Eugénia Santos cita André Ventura para explicar por que se ausentou durante a campanha: “‘Não podemos ter fotos ao lado de ban#####’ e o meu bom nome tinha de ser preservado, situação que foi comunicada ao presidente André Ventura no dia da referida reunião”.
Nas últimas legislativas de 30 de janeiro, Filipe Melo foi eleito deputado do Chega à Assembleia da República pelo círculo de Braga, mas o facto de estar na lista pública de execuções com dívidas superiores a 80 mil euros – as quais justifica com problemas de saúde do filho – tem-no deixado debaixo de ‘fogo’ até dentro do próprio partido.