O minhoto assassinado e lançado para dentro de um poço, numa aldeia da Galiza, continua a ser o “Morto 77”, do Cemitério Municipal de O Porriño, porque as autoridades espanholas de investigação criminal ainda aguardam pela confirmação absoluta da sua identidade através do ADN, para entregar o cadáver à família, residente no distrito de Viana do Castelo (as autoridades não adiantam o concelho até terem a certeza da identidade).
As pistas seguidas pela Polícia Judicial, em Espanha, é que o homem, de 37 anos de idade, terá sido vítima de um crime de assassínio, relacionado com negócios de furto e tráfico de automóveis, para Europa e igualmente para África, ele que trabalhava num dos maiores stands de compra e venda de viaturas usadas, em O Porriño, a poucos quilómetros do local da morte.
O MINHO esteve durante este fim de semana em Cerquido, município de O Porriño, na Galiza, no local onde se situa o poço da morte e no Cemitério Municipal de O Porriño, constatando que apesar de ter sido reconhecido presencialmente pela mãe, o homem, cujo nome as autoridades espanholas não divulgam, tal como não revelam a identidade da vítima enquanto não tiverem a certeza, continua, assim sendo, como incógnito, com número 77, o da “gaveta” onde está provisoriamente sepultado, até ser depois devolvido aos familiares.
Graças às imagens do retrato-robot, divulgadas por O MINHO, a mãe da vítima desde logo admitiu tratar-se do filho, que desde dezembro de 2018 já não era visto, tendo entrado em contacto com as autoridades espanholas, deslocando-se ao Gabinete Médico Legal da Galiza, onde já reconheceu formalmente o filho, inclusivamente através da deficiência óssea peculiar, que a vítima tinha numa das mãos.
Só que há formalidades a cumprir, como comunicou a O MINHO, o Gabinete de Comunicação do Tribunal Superior de Justiça de Galiza, explicando que “até ao momento o Tribunal não recebeu ainda o relatório oficial com os resultados do teste de DNA, porque apesar de tudo indicar que é o cidadão português, até receber o documento, não podemos confirmar a identidade”.
Polícia espanhola segue pista do furto e tráfico de automóveis
Entretanto, a Polícia Judicial, em Espanha, que agora já retomou as suas investigações ao assassínio desse mesmo português, encontrado já em esqueleto no fundo de um poço, na Galiza, em fevereiro de 2021, está a seguir a pista dos negócios de compra e venda de automóveis usados, como podendo ter motivado a execução do crime, apontando para uma rede de tráfico e viação de automóveis, que a partir da Península Ibérica operaria pela Europa e também para África, numa intrincada teia em que o homem se viu envolvido, podendo ter sido um “ajuste de contas” ou “silenciado” para uma “queima de arquivo”.
Para já, segundo O MINHO apurou de fontes oficiais de todos esses órgãos de polícia criminal, ainda não foi pedido apoio à Polícia Judiciária de Braga, à Guarda Nacional Republicana ou à Polícia de Segurança Pública de Viana do Castelo, o que se compreenderá por várias ordens de razões: a vítima já morava e trabalhava há cerca de um ano na Galiza, tudo se terá passado naquela região e à partida não haverá portugueses suspeitos pelo assassínio, só que, a todo o momento, poderá haver desenvolvimentos daí o mutismo que se mantém na congénere espanhola da Polícia Judiciária.
Sabe-se ao certo que o homem foi assassinado algures entre os anos de 2019 e 2020, tendo sido apurado pela autópsia que antes de lançado ao poço e cuja tampa viria a ser depois de novo tapada, já sofrera um golpe profundo, desferido com um objeto contundente e que lhe furou a caixa craniana, acabando, tudo o indica, por falecer sem assistência, abandonado naquela local ermo, onde funcionou uma fábrica de corte e de transformação de peças de mármore para a feitura de placas, ironicamente, destinadas mais para as campas funerárias dos cemitérios de Pontevedra.
Tal como O MINHO, tem vindo a noticiar, a vítima foi encontrada a 21 de fevereiro de 2021, ao fundo de um poço seco, situado em O Cerquido, do concelho de O Porriño, na província de Pontevedra, da região autonómica da Galiza, no Reino de Espanha, já em adiantado estado de decomposição.
Aquela zona da fábrica abandonada, onde passa a oeste o rio Louro, tem a particularidade de em termos freáticos subir muito a água neste período do ano, mas os poços secarem durante o verão, segundo revelou a O MINHO um vizinho daquela área, um polígono industrial, pedindo anonimato, o que, a ter cheias e secas de água, ao longo do ano, terá contribuído de forma decisiva para acelerar a deterioração do cadáver daquele português.
A vítima, então com 35 anos, tinha emigrado para O Porriño, a fim de se dedicar à compra e venda de automóveis usados, mas os seus familiares, em Viana do Castelo, não sabiam quase nada do seu paradeiro, tendo agora através do retrato-robot ficado a saber que se tratará efetivamente do homem, desaparecido, há cerca de três anos e meio, depois de ter dito que iria almoçar com uns amigos, em finais de dezembro de 2018, em período natalício, jamais tendo voltado a Portugal, desde então.