Viana: Nem a chuva travou a marcha de centenas de professores do Alto Minho

Protesto

Cerca de três centenas de professores do distrito de Viana do Castelo reuniram-se no centro histórico daquela cidade para protestar por melhorias nas condições de trabalho, numa organização do Sindicato de Todos Os Professores (SToP).

A concentração, incluída numa série de ações do mesmo tipo, que a essa hora ocorreram em todo o país, nas várias capitais de distrito, enquadrava-se na greve que o Sindicato convocou, desde o início de dezembro, que tem encerrado centenas de escolas nos últimos dias.

A greve abrange os docentes e restantes trabalhadores das escolas e foi apresentada, pelos professores que discursaram na concentração, como uma “greve pela educação” cujos objetivos são mais vastos que a simples discussão de questões salariais e de concursos.

A manifestação, que se realizou sob uma chuva intensa, incluiu a presença de professores e outros profissionais das escolas de todos os agrupamentos do Concelho de Viana do Castelo (7) e da maioria dos restantes concelhos do distrito (9).

Nas intervenções de vários professores de cada um dos agrupamentos foram destacados os principais aspetos que motivam as ações de luta: recuperação de tempo de serviço, melhoria de salários de todos os profissionais de educação, falta de recursos para apoio aos alunos e falta de professores, problemas de injustiça nos processos de avaliação e progressão (quotas que desvalorizam os que obtêm melhores resultados) no caso dos docentes e não docentes (SIADAP), entre outros.

Foto: Joca Fotógrafos / O MINHO
Foto: Joca Fotógrafos / O MINHO
Foto: Joca Fotógrafos / O MINHO
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Foto: Joca Fotógrafos / O MINHO
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Foto: Joca Fotógrafos / O MINHO
Foto: Joca Fotógrafos / O MINHO
Foto: Joca Fotógrafos / O MINHO
Foto: Joca Fotógrafos / O MINHO
Foto: Joca Fotógrafos / O MINHO
Foto: Joca Fotógrafos / O MINHO
Foto: Joca Fotógrafos / O MINHO

Um aspeto muito salientado nas intervenções foi também o modelo de gestão das escolas e os seus efeitos sobre a democracia escolar, tendo sido apresentado o exemplo do que se passou no agrupamento de escolas de Valença, onde, no entender dos presentes, a lei sindical foi violada pela direção da escola e responsáveis municipais. Sem aprofundar o tema, que vai ser sujeito à competente ação jurídica e protestos formais, foi explicado que, só por ter havido questionamentos sobre quem fazia greve e contactos com potenciais grevistas para os abordar sobre tal adesão, a violação da lei foi concretizada.

Foram também abordados os casos de substituição de trabalhadores em greve, por contratação de serviços de substituição, que são claramente ilegais mas estão a ocorrer com a colaboração de várias autarquias.

Os docentes e restantes trabalhadores das escolas que usaram da palavra destacaram que fazem greve também pelos alunos e pela qualidade da escola pública, que consideraram estar a ser degradada pela ação do Governo e pelas más políticas educativas, que põe em prática.

Momento curioso foi quando o apresentador das intervenções pediu às centenas de presentes que fossem pais e mães que levantassem o braço e uma esmagadora maioria o fez. O objetivo foi salientar que nada os move contra as famílias, mas, sendo a greve a arma de luta mais forte na defesa dos direitos dos trabalhadores, está aqui a ser usada como arma de defesa da escola como instituição de serviço público. Por isso, vários dos intervenientes declararam desejar que os próprios pais e encarregados de educação e até alunos se aliem aos que fazem greve, numa verdadeira luta de defesa da escola pública para obrigar o Ministério da Educação a negociar soluções para os muitos problemas.

O STOP tem pré-avisos em curso, para docentes e não docentes, durante todo o mês de janeiro, e prevê-se, pela larga adesão verificada até agora, que essa greve, que pode ser executada por tempos ou todo o dia, feche, em parte ou na totalidade dos dias, muitas escolas dos agrupamentos do concelho e distrito de Viana do Castelo na próxima semana.

A concentração terminou com uma marcha entre a Câmara Municipal e a Praça da República, com o professor que estava ao microfone a anunciar que iriam ensaiar nesse percurso palavras de ordem para a manifestação a realizar em Lisboa no dia 14 de janeiro. Essa manifestação vem na sequência de outra, ocorrida a 17 de dezembro, que juntou 25 mil professores e que se prevê seja superada pela que vai ocorrer no próximo fim de semana.

Há vários autocarros, pagos pelos professores, previstos para esse a sair de Viana e de muitas localidades de todo o país.

As palavras de ordem ensaiadas incluíram expressões como “professores a lutar também estão a ensinar” e “Costa, escuta, a escola está em luta” com a variante “Costas, escutem, a escola está luta”, dada a circunstância de Primeiro-Ministro e Ministro terem o mesmo apelido.

O STOP é um sindicato com cerca de um milhar e meio de associados. É o mais recente dos vários sindicatos de professores e, na sua curta existência, protagonizou vários momentos importantes de luta nas escolas, como a chamada “greve do amianto”, por causa da presença desta substância em telhados de escolas (que gerou o processo da sua substituição) e a greve às avaliações (que teve grande impacto, em 2018, ao atrasar durante semanas a entrega de avaliações finais ao alunos).

O sindicato apresenta-se como totalmente independente de influências ou condicionamentos partidários, no sentido de promover a unidade de todos os profissionais de educação e assume modelos de organização que visam aumentar a participação, nomeadamente, tendo instituído a limitação de mandatos dos seus dirigentes.

Durante o mês de janeiro, outros sindicatos têm pré-avisos de greve como o SIPE e FENPROF, com quem o STOP declarou na concentração querer convergir e conciliar ações, no sentido de defender aquilo que une todos os docentes e não docentes: a ideia de uma escola pública para servir a sociedade portuguesa.

 
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