Viana é o distrito onde se come menos fruta na escola. Braga destaca-se em 2.º lugar do top

Estudo sobre acesso a fruta gratuita nas escolas

No distrito de Viana do Castelo, apenas 9,1% das turmas do pré-escolar e 1.º ciclo têm acesso a fruta gratuita na escola. É o distrito do país com menor nível de distribuição escolar, enquanto Braga tem 83% de turmas com fruta ou legumes gratuitos.

De acordo com o estudo sobre a iniciativa ‘Heróis da Fruta’, da Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil (APCOI), realizado em parceria com investigadores do Instituto de Saúde Ambiental (ISAMB) da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa (FMUL), Braga é o segundo distrito do país com maior percentagem (83%) de turmas com acesso gratuito a frutas e legumes na escola, apenas superado por Faro (92,9%). Seguem-se Santarém (78,1%), Évora (70,8%) e Viseu (68,0%). As menores percentagens situaram-se em Viana do Castelo (9,1%), Bragança (20,0%) e Portalegre (35,7%).

Raquel Martins, nutricionista e investigadora do ISAMB/FMUL, disse que os dados sugerem “uma relação entre a distribuição gratuita de fruta e legumes nas escolas e a maior adesão aos comportamentos alimentares saudáveis” e adiantou que, neste estudo, Évora foi um dos distritos com maior percentagem de turmas com acesso gratuito a frutas e legumes na escola e também aquele em que se observou a maior redução de crianças a não consumir diariamente hortofrutícolas, após a participação no desafio escolar ‘Heróis da Fruta’.

Além disso, Évora foi o distrito que registou “a maior redução de lanches pouco saudáveis, no final da intervenção”.

Bragança foi o segundo distrito a reportar ter menor acesso gratuito a fruta e legumes na escola e o único onde se registou um aumento de crianças a não consumir hortofrutícolas diariamente na escola.
Aumentar o consumo de frutas e legumes na infância é o principal objetivo da iniciativa escolar ‘Heróis da Fruta’, lançada em 2011 pela APCOI, a quem os resultados surpreenderam sobretudo pelo desconhecimento, por parte das autarquias, da possibilidade de acesso a fundos europeus para garantir esta distribuição de fruta gratuita nas escolas.

“Espanha usa quase 100% destes fundos e Portugal não está a usar a totalidade da verba, muito por desconhecimento da possibilidade deste acesso aos fundos europeus”, disse à Lusa Mário Silva, presidente da APCOI, sublinhando que, além das autarquias, também os agrupamentos escolares podem aceder a estas verbas.

“Por vezes as autarquias podem até não ter capacidade depois para fazer a distribuição e o processo pode ser mais expedito com os agrupamentos, mas é preciso divulgar que eles também podem aceder a estas verbas comunitárias anualmente, através do IFAP [Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas]”, acrescentou.

O responsável sublinhou a importância de combinar estratégias, referindo: “É mais eficaz quando ao mesmo tempo que se motiva as crianças a adotarem estes comportamentos e se distribui [os alimentos]”.
O estudo do ISAMB/FMUL analisou, no ano letivo 2021/2022, uma amostra de 16.970 crianças, entre os 2 e os 14 anos de idade, de 845 turmas de 433 estabelecimentos de ensino.

Relativamente à distribuição gratuita de frutas e legumes na escola, quer através do Regime Europeu de Fruta Escolar ou de outro mecanismo de apoio local durante o ano letivo 2021/2022, o estudo concluiu que “a frequência de acesso a nível nacional das turmas inquiridas se situava nos 60,5%”.

A equipa de investigadores do ISAMB/FMUL analisou igualmente os efeitos da iniciativa “Heróis da Fruta” no ano letivo 2021/2022 nas alterações de hábitos alimentares dos alunos e concluiu que, globalmente, “após a participação neste projeto, a percentagem de alunos que não consumia diariamente fruta ou legumes na escola diminuiu de 19,6% para 6,9%”.

Após este projeto, em quase todos os distritos e regiões houve igualmente uma redução do consumo diário de lanches escolares pouco saudáveis, à exceção da região da Madeira e do distrito de Portalegre.

A região dos Açores foi a que registou a maior diminuição da ingestão de lanches escolares pouco saudáveis.

O presidente da APCOI considera que “estes resultados comprovam uma vez mais os efeitos positivos do método ‘Heróis da Fruta’ no combate à má nutrição, através do aumento do consumo escolar de frutas e legumes e da redução da ingestão de alimentos menos saudáveis nos lanches das crianças que participam nesta iniciativa, comportamentos importantes para a prevenção da obesidade infantil e de outras doenças crónicas como a diabetes”.

Desde 2011 já participaram no desafio escolar ‘Heróis da Fruta’ mais de 580 mil alunos de todos os distritos e regiões de Portugal.

As inscrições para o ano letivo 2022/2023 já estão abertas para todas as turmas de pré-escolar e 1.º ciclo de estabelecimentos públicos ou privados e podem ser feitas até final do ano.

 
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