A Câmara de Viana do Castelo quer criar condições para que o observatório internacional em funcionamento na serra d’Arga, que se dedica ao estudo do cavalo garrano, possa vir, também, a desenvolver investigação astrofísica.
O desafio foi hoje lançado pelo vereador do Ambiente e Biodiversidade, Ciência, Inovação e Conhecimento, Ricardo Carvalhido à comunidade científica reunida, a partir de hoje e até sexta-feira, no Castelo Santiago da Barra, em Viana do Castelo, no 352º Simpósio da União Astronómica Internacional.
“O observatório teria como propósito a observação do céu como objeto científico, mas também como paisagem cultural, ligado ao estudo e aprofundamento da identidade de Viana do Castelo como cidade de navegadores”, afirmou hoje Ricardo Carvalhido.
O responsável, que falava em conferência de imprensa realizada à margem daquele simpósio, “que decorre pela segunda vez, em Portugal, em 100 anos”, referiu que a serra d’Arga “tem ótimas condições naturais para que esse estudo se possa desenvolver”.
“É uma das montanhas mais elevadas do litoral português, a cerca de dez quilómetros da costa, 800 metros acima do mar. Tem um ‘plateau’ com uma importante área e boas condições de acesso”, destacou.
Ricardo Carvalhido adiantou que “o observatório internacional da serra d’Arga, já a ser utilizado por investigadores das universidades de Coimbra, Quioto, Oxford, Sorbonne-Nouvelle e Instituro Politécnico de Viana do Castelo (IPVC) dedicados ao estudo do cavalo garrano poderá com esta colaboração, alargar o seu âmbito de ação à astrofísica e à história do céu celeste do período dos descobrimentos”.
O responsável explicou que aquele observatório internacional funciona, provisoriamente, em dois espaços situados em São Loureço da Montaria, cedidos pela Junta de Freguesia e pela Fábrica da Igreja, mas que a autarquia “está a procurar fontes de financiamento com vista à criação de melhores condições físicas”.
Ricardo Carvalhido explicou que o município, ao abrigo da Agenda de Ciência e de Conhecimento da para o quadriénio 2017-2021, “já está a desenvolver esforços de investigação e de atração científica em três unidades de paisagem, o mar, o rio e a montanha”, e que com esta aposta essa estratégia “seria alargada a uma quarta dimensão de paisagem, o céu.
“Para além do desenvolvimento formal do conhecimento científico nestas áreas, o observatório internacional poderá ser um importante instrumento promotor da atividade pedagógica dos professores e uma alavanca para projetos de ciência cidadã nesta temática”, referiu.
Presente no encontro com os jornalistas, Elisabete da Cunha, da Universidade Nacional Australiana, da organização do 352º Simpósio da União Astronómica Internacional congratulou-se com o desafio lançado pela autarquia, afirmando tratar-se de uma “ideia muito interessante”.
“Acho espetacular a ideia de associar o conhecimento do céu com a nossa identidade cultural, de marinheiros”, sublinhou a cientista que classificou de “mais-valia” a “aproximação do público ao conhecimento científico”.
O simpósio que hoje começou em Viana do Castelo, com o tema “Uncovering early galaxy evolution in the ALMA and JWST Era”, é organizado pela União Astronómica Internacional, Universidade Nacional Australiana, Universidade de Leiden (Holanda) e Universidade do Porto / Instituto de Astrofísica.
Este encontro conta com cerca de 180 participantes de Portugal, Alemanha, Estados Unidos, Holanda, Espanha, Chile, Japão, França, Austrália, Itália, Reino Unido, México, Suíça, Croácia, Dinamarca, Brasil, Canadá, Suécia, Hungria, Emirados Árabes Unidos, Tailândia, Singapura, Índia e China.
O programa prevê, na sexta-feira, pelas 21:00, no teatro municipal Sá de Miranda um Sarau Astronómico: À descoberta do nosso Universo”.
O evento, de entrada livre, inclui palestras e que contará com a participação da astrónoma Teresa Lago, secretária-geral da União Astronómica Internacional e dos investigadores David Sobral, Catarina Alves de Oliveira e Elisabete da Cunha.
Em parceria com a Câmara Municipal de Viana do Castelo, no sábado, entre as 21:30 e as 23:30, decorrerá, na Praia Norte a ação “Observações do céu com telescópios: Viana à luz das estrelas”.
A iniciativa, de entrada livre, permitirá ao público o acesso a “uma variedade de objetos astronómicos através de telescópios, como as crateras da Lua, o planeta Júpiter, o enxame de estrelas de Hércules, a estrela dupla Albireo e a nebulosa planetária M57”.