Viana do Castelo quer garrano na elevação da Equitação a Património Imaterial

“Passo travado”
Foto: Divulgação / CM Viana do Castelo

O presidente da Câmara de Viana do Castelo pediu, esta quinta-feira, a inclusão do “Passo Travado” do garrano na candidatura da “Equitação Portuguesa” a Património Cultural Imaterial, para garantir “a justa representação da diversidade do património equestre português”.

Em causa está a inscrição da “Equitação Portuguesa” no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, processo que se encontra em consulta pública, como consta do anúncio publicado em Diário da República no dia 02 e hoje consultado pela Lusa.

De acordo com a informação que consta da página na Internet do sistema de informação de suporte ao Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial [MatrizPCI] o projeto de classificação foi proposto pelos municípios de Aveiro, Beja, Braga, Castelo Branco, e Coimbra, “no domínio das expressões artísticas e manifestações de carácter performativo e, na categoria de manifestações artísticas e correlacionadas”.

O garrano é uma raça protegida devido ao risco de extinção, encontrando-se por isso muito poucos no meio selvagem ou na posse de criadores. Este animal tem membros e orelhas curtas e o perfil da cabeça é reto ou côncavo.

Tem a sua origem no Ibérico pré-histórico de pequena estatura que era característico das regiões montanhosas do norte da Península Ibérica, sendo considerado por vezes um pónei.

Hoje, numa nota enviada à imprensa, o socialista José Maria Costa “lamenta a exclusão e ausência da devida menção ao Garrano, no pedido de inscrição da Equitação Portuguesa, defendendo a imperiosa reformulação da referida candidatura”.

“A candidatura Equitação Portuguesa reflete somente o objetivo de valorização de uma única raça e uma região. Não foram convidadas a contribuir municípios detentores de valioso património equestre”, reforçou o autarca, apontando como exemplos os municípios de Alter do Chão, Vila Franca de Xira, Ponte de Lima e Alpiarça.

“Sustentamos a necessidade de uma proposta mais ampla, mais inclusiva, de maior interesse nacional, mais justa, mais rigorosa e adequadamente fundamentada do ponto de vista cultural e científico”, defendeu.

José Maria Costa adiantou que a “reformulação é necessária para promover a justa representação da diversidade do património equestre português no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial, com especial ênfase para a inclusão do cavalo Garrano, ao qual se associa a equitação tradicional do Minho e o designado ‘Passo Travado’, com significado histórico em diversos pontos dos distritos de Braga e Viana do Castelo”.

Segundo um estudo sobre aquela raça, realizado pela Câmara de Viana e hoje consultado pela Lusa, o ‘Passo Travado’ é uma prática equestre portuguesa de origem ancestral e um dos quatro andamentos do Garrano, uma das quatro raças de equinos autóctones de Portugal.

“O risco de perda deste património imaterial que integra a identidade cultural das comunidades rurais do Noroeste Português faz da preservação do ‘Passo Travado’ um urgente desafio que se coloca no plano da investigação científica e da estratégia de desenvolvimento destes territórios”, alerta o autarca.

“O garrano será a mais antiga raça equina portuguesa, conforme evidenciado pelos mais atuais trabalhos de investigação no campo genético, arqueológico e histórico”, reforçou.

O autarca adianta também “a ausência”, naquele projeto, “de referência e integração da aposta estratégica dos municípios de Viana do Castelo, Caminha e Ponte de Lima no turismo equestre, alicerçado no Garrano e na Equitação Tradicional do Minho”.

A raça garrana foi alvo, em 2011, de uma candidatura a Património Nacional, ainda a aguardar aprovação, num processo coordenado pelo Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC), que defende a necessidade de “preservação de recursos biológicos, valorização e divulgação da raça.

 
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