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Viana do Castelo: Gelados caseiros seduzem gerações

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Há mais de três décadas que a carrinha de gelados do Lima, como é conhecido em Viana do Castelo, percorre os mesmos locais para adoçar a boca de diversas gerações com “receitas caseiras”, recheadas de “amizade e carinho”.

O segredo do negócio familiar, que herdou do pai, pasteleiro durante anos em França, não está apenas “na qualidade do gelado de fruta que serve, mas “na ligação” que mantém com os clientes.

“Posso ter filas e filas de pessoas mas não me apresso. Tem que ser um de cada vez, e com deve ser, com amizade e carinho para as pessoas”, afirmou José Lima.

Aos 64 anos, “com dois filhos e três netos”, o Lima dos gelados orgulha-se de já ter “adoçado a boca” “a avós, pais e filhos”.

“Pelas minhas mãos já passaram avós, pais e filhos. E agora os netos arrastam os avós para vir comprar o geladinho”, disse.

No inverno, o Lima dos gelados estaciona a carrinha junto às escolas da cidade mas vende sobretudo cachorros e hambúrgueres. No verão, procura a praia fluvial junto ao rio Lima, para fazer negócio.

Ex-emigrante durante 25 anos em França, José Lima decidiu “seguir o sonho do pai”, e regressar à terra natal, de onde saiu com apenas seis anos para “tentar a sorte” com os gelados artesanais.

O investimento inicial rondou os 4.500 euros, nas máquinas e na velha carrinha que ainda hoje o ajuda “a ganhar a vida”.

“Na altura era muito dinheiro. Só com o dinheiro que gastámos para comprar a batedeira para fazer os gelados comprava, na altura, um Mercedes”, desabafou o antigo serralheiro de profissão.

Das receitas que herdou do pai não revela o segredo.

“É tudo artesanal. A batedeira, à moda antiga, é a mesma de há mais de 30 anos. Depois é fruta, e a base é um leite-creme, mas não digo mais nada”, contou interrompido por um pedido.

Luís Azevedo, de 34 anos, é cliente desde os tempos do liceu. Há 15 anos emigrou para os Estados Unidos, depois para a Tailândia, e agora está em Londres onde criou uma empresa de entregas. Quando vêm de férias a Viana “é obrigatório” saborear os gelados do Lima.

“Estou cá há uma semana, e já cá vim duas vezes. Em Viana pode perguntar a mais de dois quilómetros de distância e dizem-lhe onde está o senhor Lima. Toda a gente o conhece”, afirmou.

José Lima produz gelados “dia sim, dia não”, para garantir o ‘stock’. Tem a ajuda da mulher, antiga costureira, e da mãe “que com 89 anos ainda tira uns geladinhos”.

Quando “o calor aperta”, na praia fluvial junto à desativada praça de touros da cidade, onde “estaciona” a velha carrinha, formam-se filas.

Cristina Martins, 39 anos, enquanto espera pela vez contou é clientes “desde o tempo do secundário”, e hoje já leva a filha Bruna de seis anos, “porque gelado não há igual”.

“É um gelado que não é doce, que acaba e não se fica com sede. É diferente e não há igual. Por muito que procure. A Bruna já conhece a carrinha e pede logo um gelado do senhor Lima” afirmou.

Gabriel Araújo, de 37 anos, é da margem esquerda do rio Lima, da freguesia de Vila Nova de Anha. Quando vem a banhos à praia fluvial não dispensa os gelados “caseiros” do senhor Lima, a quem elogiou “o atendimento muito meigo”

“É por isso que tem muita fama”, disse.

Dos dois filhos do senhor Lima, apenas o mais novo, com 34 anos, quer seguir as pisadas do pai.

“Vou abrir-lhe uma gelataria. É para continuar o negócio, se não ia morrer”, admitiu, preocupado com os clientes “fieis” que “não passam sem o gelado do senhor Lima.

“Já me vêm com certa idade e perguntam quem vai ficar com o negócio. Agora já lhes posso dizer que vai haver uma surpresa em Viana, porque há um filho meu que vai continuar o negócio dos gelados, e ficam todos contentes”, afirmou.

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