A Câmara de Viana do Castelo declarou 2019 como ano municipal pela defesa da floresta e vai recuperar 100 hectares de Área de Recuperação Ecológica (ARE) com a plantação de 115 mil árvores de espécies nativas até dezembro.
“Este ano municipal vem reforçar a aposta do município na defesa da floresta e na literacia para a floresta. Temos de dar mais resiliência à nossa floresta para enfrentar os incêndios. É um património genético que é nosso e que temos o dever de proteger e cuidar”, afirmou o vereador do Ambiente, Ricardo Carvalhido.
O responsável, que falava em conferência de imprensa para apresentação das duas dezenas de ações previstas durante o Ano Municipal para a Recuperação da Floresta Nativa Portuguesa, explicou que a recuperação incidirá nas ARE, que integram áreas ardidas e zonas classificadas.
Ricardo Carvalhido especificou que o concelho tem “quatro mil hectares de ARE”, onde se inserem as áreas ardidas e 13 monumentos naturais locais, assim classificados devido ao valor científico que têm para a geodiversidade, sendo alguns também relevantes sob o ponto de vista da biodiversidade (sítios de importância comunitária da Rede Natura 2000).
Serão promovidas cinco plantações, em março, outubro, novembro e dezembro, de pinheiros, salgueiros, azinheiras, gilbardeiras, medronheiros, pilriteiros, entre outras espécies nativas portuguesas (também designadas indígenas ou autóctones) e que integram o “fundo genético do concelho”.
Aquelas ações, explicou Ricardo Carvalhido, contarão com a participação dos sete agrupamentos escolares do concelho, com um universo de 10 mil alunos, e com a colaboração de “10 a 12 empresas”.
O primeiro trabalho de recuperação decorreu, em dezembro, no Monumento Natural da Ribeira de Anha, assim classificado pela autarquia, em 2016, e já este mês, nos baldios de Carvoeiro e São Lourenço da Montaria, tendo sido plantadas entre seis a sete mil árvores.
Além da plantação, a iniciativa “envolve os participantes na vigilância e controlo do reaparecimento de espécies invasoras e no acompanhamento do crescimento das espécies nativas introduzidas”.
O vereador do Ambiente destacou o “papel importante” dos conselhos diretivos dos baldios “parceiros fundamentais na preparação dos terrenos para as plantações, efetuando o abate e remoção de invasoras lenhosas”.
Ricardo Carvalhido adiantou que a próxima ação prevista projeto hoje apresentado, acontecerá entre os dias 18 e 22, com a oferta aos municípios de árvores nativas portuguesas.
“Na próxima semana será divulgada a forma como as árvores serão disponibilizadas”, especificou.
Em abril, destacou a realização do primeiro encontro dos baldios de Viana do Castelo, para “partilha de boas práticas”, e a realização de reuniões trimestrais com os conselhos diretivos, sendo que em maio, será promovida a apresentação pública do Plano de Gestão e Controlo das espécies invasoras lenhosas em áreas classificadas.
O programa inclui ainda ‘workshops’, ações de formação e sensibilização, ateliês, palestras e exposições.
O chefe de divisão de recursos naturais da autarquia, José Paulo Vieira, também presente no encontro com os jornalistas, adiantou que o horto municipal “tem vindo, desde há alguns anos a produzir árvores para a floresta” do concelho.
“Nos nossos viveiros estão prontas para serem plantadas 10 mil árvores autóctones”, reforçou, apelando à necessidade de “sensibilizar a população do concelho para a mudança da estrutura da floresta”.
“A maior parte da floresta é privada e, portanto, temos de chegar aos proprietários. A floresta tem que ser compartimentada com espécies autóctones, mais resistentes aos incêndios. Não pode continuar a existir um contínuo de eucaliptos, senão estamos sujeitos a um grande incêndio”, reforçou.