O ICBC Leasing, Banco Industrial e Comercial da China, vai financiar em mais de 165 milhões de euros, a construção de três navios oceânicos para a Mystic Cruises, avançou hoje à Lusa o empresário português Mário Ferreira.
Em declarações à agência Lusa, nos estaleiros da West Sea, em Viana do Castelo, à margem da assinatura do contrato para a construção de dois navios de expedição polar, no valor total estimado de 118 milhões de euros, o administrador da Mystic Cruises, que integra o grupo Mystic Invest, explicou que o financiamento do banco chinês “vai permitir acelerar o processo de construção e expansão da sua frota de navios de cruzeiros oceânicos”.
“A Mystic Cruises e o ICBC Leasing acertaram um modelo de financiamento em regime de ‘sale and charter-back’, com obrigação de recompra”, adiantou.
“O estrondoso sucesso da comercialização destes programas levou-nos a procurar fora de Portugal soluções de financiamento que nos permitissem acelerar o nosso plano de expansão da frota. Estes três navios são os primeiros de uma frota projetada de 10 navios de cruzeiro oceânicos”, disse o empresário português.
Atualmente, a Mystic Cruises tem em construção nos estaleiros da subconcessionária dos extintos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) o primeiro daqueles navios, o “World Explorer”, num investimento superior a 70 milhões de euros.
Segundo Mário Ferreira, “o acordo de financiamento resultou de uma procura pró-ativa por parte da Mystic Cruises de soluções viáveis de financiamento que permitissem acelerar o crescimento da frota que levou os responsáveis da empresa portuguesa a fazer um ‘roadshow’ na China para a captação de fundos”.
“Há cerca de oito meses encetámos um ‘roadshow’ entre Pequim, Xangai e Hong-Kong em que contactámos com uma dúzia de bancos e entidades chinesas interessadas em financiar o nosso projeto. O interesse do ICBC, que é o maior banco mundial, e a proposta que nos apresentaram, adequaram-se ao que pretendemos, o que nos permite, juntamente com o investimento de capitais próprios, acelerar o processo de desenvolvimento da frota oceânica”, referiu Mário Ferreira.
Segundo o administrador do grupo Mystic Invest “a Caixa Geral de Depósitos, o Montepio e o Banco Carregosa vão assegurar o financiamento durante o período de construção, dado que o financiamento em regime de ‘sale and charter-back’ só será materializado aquando da conclusão da construção dos navios”.
“Com os financiamentos assegurados, a Mystic Cruises vai avançar com a construção de mais dois novos navios de cruzeiros oceânicos, o World Voyager e o World Navigator, que se irão juntar ao World Explorer, o qual já se encontra na fase final de construção em Viana do Castelo, nos estaleiros da West Sea”, adiantou
Estes navios, da classe ICE da gama Explorer, “que podem navegar em águas geladas até um metro de espessura, irão realizar cruzeiros e expedições de luxo em todo o mundo e em destinos tão remotos como a Antártida e o Ártico”.
Dada “a sua capacidade de manobra, visitarão também outras áreas e portos onde os megas paquetes não podem entrar o que se torna uma vantagem e uma facilidade extra para os passageiros”.
Mário Ferreira apontou ainda “a necessidade de expandir rapidamente a frota para dar resposta à enorme procura do mercado, como principal motivo para a formalização deste acordo”.
“Neste momento, o World Explorer ainda não fez a sua primeira viagem, mas já tem a ocupação de todos os cruzeiros na Antártida vendidos até 2023. Para 2019, os programas no Ártico, Fiordes Noruegueses, Gronelândia, Mediterrâneo, Báltico e Mar do Norte, que são comercializados pela operadora alemã Nicko Cruises que pertencente ao grupo Mystic, estão também esgotados”, revelou.
O World Explorer, primeiro navio da classe, está a ser construído nos estaleiros da West Sea e “estará pronto a navegar com passageiros em abril de 2019, sendo o primeiro navio de cruzeiro com estas características a ser totalmente produzido em Portugal”.
Está equipado com “um sofisticado sistema híbrido de propulsão, desenvolvido em parceria com a Rolls-Royce, será também um dos navios tecnologicamente mais avançados da sua classe a nível mundial”.