Vila Verde voltou a cumprir a tradição da espadelada do linho

Espadelada do Linho

A freguesia de Marrancos acolheu este fim de semana uma das mais emblemáticas atividades da programação turístico-cultural “Na Rota das Colheitas” do Município de Vila Verde. Não faltou o vestuário da época, as alfaias tradicionais e os cantares típicos da ocasião. Tudo preparado ao pormenor para levar vila-verdenses e visitantes numa viagem ao passado, de (re)descoberta da genuína cultura popular do Minho.

A recriação da Espadelada do Linho incluiu também as celebrações do quarto aniversário do Museu do Linho, o único museu nacional dedicado integralmente ao ciclo do linho, desde a sementeira até ao tear. Com quatro anos de existência, o Museu do Linho conta já com milhares de visitantes vindos de vários pontos do planeta. Além de inúmeros países europeus, já recebeu visitas da Nova Zelândia, Argélia, Israel e Venezuela, entre outros.

O calor abrasante de uma soalheira tarde de Verão não demoveu a vontade dos visitantes nem dos intervenientes na recriação histórica. Trajados a rigor, mais de duas dezenas de figurantes recriaram meticulosamente o processo da espadelada, manipulando vigorosamente as alfaias tradicionais utilizadas pelos nossos avós para extrair as fibras da planta do linho.

A visita dos ‘Mascarados sem Juízo’, o encontro de ‘Cantares Tradicionais do Ciclo do Linho’ e a atuação do Rancho Folclórico de Marrancos garantiram momentos de diversão e animação pela tarde dentro.

O marranquenho Abílio Ferreira é o nome de que todos falam na hora de conversar sobre a produção do linho. Um entusiasta pelas tradições locais e defensor intransigente da cultura popular, que desde cedo percebeu que o abandono generalizado da agricultura na nossa região poderia colocar em perigo os saberes antigos. Se bem o pensou, melhor o fez. No início da década de oitenta do século passado, deitou mãos à obra e fez renascer uma prática agrícola em perigo de extinção. Tudo começou com um pedido da própria mãe, revelou o octogenário. Para não se perder a semente, Abílio Ferreira continuou a plantar o linho e a realizar a espadelada, transmitindo este saber às gerações mais jovens, valorizando e preservando traços idiossincráticos da genuína cultura popular da região minhota.
Visitantes de vários pontos do país

Tradição “projeta a freguesia e o concelho a nível nacional e internacional”
Por sua vez, o presidente do Município de Vila Verde começou por deixar rasgados elogios ao Sr. Abílio Ferreira, à ARC Marrancos, à Junta da UF de Marrancos e Arcozelo e a todos os participantes, pelo excelente trabalho desenvolvido em prol da cultura minhota. “Este museu não se fecha em quatro paredes, todos os anos temos transmissões televisivas a partir de Marrancos, que projetam a freguesia e o concelho a nível nacional e internacional. São autênticos embaixadores da nossa terra, da cultura minhota e da cultura do nosso país, dentro e fora de portas”, afirmou António Vilela.

Vila Verde está no rumo certo
O edil frisou ainda que Vila Verde está no rumo certo. “É este o caminho que queremos continuar a trilhar. Valorizar as nossas tradições e a nossa cultura, criando momentos e experiências únicas para a promoção do concelho de Vila Verde. Esta iniciativa insere-se num programa vasto, um cartaz de turístico do concelho e promoção das potencialidades locais, a Rota das Colheitas, que se estende do primeiro fim de semana de agosto ao último de novembro em dezenas de atividades de valorização da cultura e do território”, concluiu António Vilela. A recriação da Espadelada do Linho é organizada pela ARC Marrancos em conjunto com a Junta da União de Freguesias de Marrancos e Arcozelo, com o apoio do Município de Vila Verde.

 
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