O líder do PS/Barcelos instou, esta segunda-feira, o presidente da Câmara local a afastar-se das negociações do resgate da concessão da água, confiando-as aos quatro vereadores socialistas sem pelouro, e acusou o autarca de proferir “inverdades insustentáveis” acerca do dossiê.
“Abandone o dossiê, chame-nos a todos [aos quatro vereadores socialistas sem pelouro] e garanto que arranjamos rapidamente solução”, desafiou, em conferência de imprensa, o líder concelhio do PS.
O presidente da Câmara, Miguel Costa Gomes, também do PS, respondeu que, “obviamente, os acionistas da empresa concessionária nunca negociariam com aqueles vereadores, até porque eles não têm poder para isso”.
“Com eles, os acionistas não se sentam à mesa. O que os vereadores pretendem é boicotar as negociações, mas eu cá estarei para as fechar, a bem dos barcelenses”, acrescentou.
Na conferência de imprensa, Domingos Pereira acrescentou que aqueles quatro vereadores só viabilizarão um dos dois pré-acordos já estabelecidos: ou o que preconiza o resgate total da concessão por 87 milhões de euros ou o que prevê a compra de 75 por cento do capital da empresa concessionária, por 37 milhões de euros.
“O PS não tolerará nem aceitará que a Câmara faça quaisquer acordos que vão para além destes”, afirmou, adiantando que os socialistas preferem o dos 37 milhões.
Vincou que, em qualquer dos casos, os quatro vereadores não admitirão que o município pague “nem mais um cêntimo”.
A Câmara tem em curso negociações com a Água de Barcelos (AdB) para resgatar a concessão da água e saneamento do concelho, tendo sido acordado, em finais de 2015, um valor de 87 milhões de euros.
Entretanto, o acionista minoritário da AdB, que detém 25 por cento do capital, terá apresentado exigências adicionais, consideradas “inegociáveis” pelos socialistas.
Foi então estabelecido um outro acordo alternativo, desta feita com o acionista maioritário (75 por cento) da AdB, para a compra pelo município desta posição, por 37 milhões.
O prazo para o fecho do negócio foi inicialmente fixado em 30 de junho, mas entretanto prorrogado para 28 de setembro.
“Entendo que os senhores vereadores tenham ficado tristes com este prolongamento do prazo”, ironizou Costa Gomes.
Disse que continua a acreditar no resgate pelos 87 milhões de euros e reiterou que lutará “até às últimas consequências” por esse acordo.
Na conferência de imprensa desta segunda, o líder do PS questionou se, pela forma como está a conduzir as negociações, Costa Gomes não estará a “proteger” o acionista minoritário.
“É uma perfeita idiotice, além de ser desonesto e pouco sério. O que eu estou a proteger, isso sim, é o município de Barcelos”, ripostou o presidente da Câmara.
Recorde-se que, a 6 de maio, o presidente da Câmara de Barcelos, Miguel Costa Gomes (PS), retirou os pelouros ao vereador Domingos Pereira, que fora o número dois do executivo até ser eleito deputado na Assembleia da República.
Costa Gomes alegou “deslealdade” de Domingos Pereira.
Nesse mesmo dia, outros três vereadores do PS renunciaram aos pelouros que detinham, em solidariedade com Domingos Pereira.
Em funções executivas ficaram apenas Costa Gomes e a vereadora Armandina Saleiro, entretanto promovida a vice-presidente.
Esta segunda, Domingos Pereira acusou o presidente da Câmara de “incapacidade” e de “laxismo” na condução do dossiê do resgate da água, sublinhando que “nos últimos três meses não mexeu um único papel” relacionado com o processo.
Domingos Pereira insinuou ainda que, com a retirada de pelouros, o objetivo de Costa Gomes seria afastá-lo do processo de negociações do resgate da água.
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