O presidente do Chega, André Ventura, afirmou hoje, perante vários líderes de extrema-direita europeus, que é necessário “reconquistar a Europa cristã”, criticando a atuação de socialistas e social-democratas nos últimos 50 anos.
Esta posição foi defendida por André Ventura, em Madrid, Espanha, num encontro dos Patriotas pela Europa, o terceiro maior grupo no Parlamento Europeu, que agrega vários partidos de direita radical europeia.
André Ventura, que falou em espanhol, afirmou que “este é um tempo para união e mudança, para uma reconquista não só em Espanha mas em toda a Europa”.
“Temos que reconquistar uma Europa que é nossa, que nos pertence, e não temos medo de dizer: uma Europa cristã, porque é a Europa que construímos para nós e para as nossas crianças”, defendeu.
André Ventura considerou ainda que a Europa não vai ser grande outra vez – numa alusão ao mote de campanha do republicano Donald Trump “Make America Great Again” – se fizer o mesmo que “socialistas ou social-democratas fizeram nos últimos 50 anos”.
“Temos que dizer que chega de ideologia de género nas escolas e universidades, na comunicação social. Chega de imigrantes que vêm para o nosso território não para trabalhar mas sim para nos dizer como viver. Chega de uma classe política de parasitas que estão a enriquecer e nos fazem mais pobres com menos dinheiro para pagar luz, gás, petróleo e habitação. É tempo de união”, apelou.
Numa intervenção na qual deixou largos elogios ao líder do partido de extrema-direita espanhol Vox, Santiago Abascal, que foi eleito em novembro passado presidente do grupo político Patriotas pela Europa, Ventura afirmou que os restantes partidos europeus “já perceberam que não podem vencer através do voto democrático”.
Depois, alegou que por isso estão a tentar “prender ou matar” os líderes de direita radical utilizando como exemplo Donald Trump, que foi atingido com um disparo de uma espingarda, que o feriu na orelha direita, em julho do ano passado, durante um comício em Butler, Pensilvânia.
“Tocam em um de nós, tocam-nos a todos”, afirmou André Ventura.
“Quando ele [Donald Trump] estava no chão, não disse aos seguranças «levem-me, quero ir embora». Ele levantou-se e disse às pessoas «lutem, lutem, lutem». E é essa a nossa mensagem”, acrescentou.
O presidente do Chega disse ainda que “trocar Sanchéz por Feijóo”, o atual primeiro-ministro do Partido Socialista (PSOE) pelo líder do Partido Popular (PP), “vai ser um grande erro para a Espanha, que terá um grande custo”, considerando que os dois partidos “são a mesma coisa”.
Ventura discursou hoje em Espanha numa altura conturbada para o seu partido. Na quinta-feira, admitiu que este “não é um bom momento” para o Chega, mas recusou que a sua liderança esteja fragilizada depois de dirigentes do partido terem sido acusados de prostituição de menores, furto ou condução sob efeito de álcool.
Além disto, recentemente, Miguel Arruda, deputado eleito nas listas do partido, e que entretanto passou a não inscrito, foi também constituído arguido por alegadamente furtar várias malas do aeroporto de Lisboa.
Além de Abascal e de Ventura, estão em Madrid, entre outros, o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, o vice- primeiro-ministro italiano, Matteo Salvini, e a francesa Marine Le Pen, dirigente da União Nacional de França, o partido que contribui com maior número de deputados para o Patriotas pela Europa.
O Patriotas pela Europa é um grupo político que foi oficialmente criado em julho, após as últimas eleições europeias, por iniciativa de Viktor Orbán, depois de o seu partido, o Fidesz, ter saído do Partido Popular Europeu (PPE).
Atualmente com 86 deputados no Parlamento Europeu, de 14 países, tem como uma das suas principais bandeiras o discurso anti-imigração, considerado xenófobo por politólogos e organizações de defesa dos direitos humanos.