“Foi uma vitória inesperada, mas justa. O Dínamo foi a equipa que melhor futebol jogou!” A conclusão é de Joaquim Gomes de Sousa – o Quim da Lina para os amigos – o treinador do Dínamo Futebol Clube, de Ferreiros, Braga, que acaba de vencer a Taça da Liga Inatel do distrito de Braga e vai, agora, disputar a fase final da competição jogando uma eliminatória com o Juventude de Portelinho, de Gondomar. Se vencer a competição nacional, jogará um torneio europeu na Itália. “Vamos fazer o melhor possível”, assevera.
O Dínamo ia em terceiro na Liga, mas acabou em primeiro porque a organização da prova desclassificou os outros dois, a Associação Desportiva de Turiz, Vila Verde e o Inter de Fradelos, de Braga, após desacatos na bancada – vulgo porrada – , em Turiz, entre adeptos e que chegou ao relvado, no jogo entre as duas equipas.
“Acaba por ser justo, desde logo porque a violência deve ser penalizada e erradicada, mas também porque, em jogo jogado, fomos os melhores”, explica.
O Dínamo, clube totalmente amador e onde se joga por prazer e amor à camisola, regressou esta época à Liga depois de uma paragem de três anos. Por isso, foi preciso fazer uma equipa nova com praticantes com dificuldades em treinar, por motivos vários, incluindo os profissionais: “Era difícil ter o plantel todo a treinar e isso repercutia-se no campo. Mesmo assim praticamos um futebol de ataque, jogando olhos nos olhos com qualquer equipa”.
O êxito do clube – assinala – deve-se ao trabalho da atual Direção e à camaradagem entre todos. No dia em que se soube que venceu a Liga houve festa rija em Ferreiros.
Jogou 27 anos
Com 62 anos, natural de Barcelos, mas vivendo em Braga desde criança, o Quim da Lina começou a jogar futebol aos 15 anos e só acabou aos 42, ao todo 27 anos: “Joguei futebol federado durante 20 anos e já com 40 ainda corria o campo todo como os mais novos”.
Era médio-centro, tipo todo-o-terreno, com bons pés e visão de jogo e raçudo. Passou pelo Celeiróz (aos 17 anos) na Regional, mas também pelo Ferreirense, Tebosa, Vimieiro, Ceramistas (de Barcelos). Jogou, ainda, como veterano. Chegou a ganhar algum dinheiro, que dava jeito mas não era nenhuma fortuna, mas nunca jogou por causa disso, fazia-o por paixão.
“Em todos os clubes onde joguei e nos que treinei, deixei rasto”, afirma com orgulho.
Quando deixou os sintéticos ou os relvados, passou a treinador tendo dirigido, entre outras, as equipas do Tebosa, do Vilaça, do Vimieiro, mas concluiu que aquela não era bem a sua “praia”, dado que tinha jeito e vocação era para treinar putos até aos 14 anos: “Acabei por ir para a formação do Ferreirense Futebol Clube, onde estive uns anos e ajudei a formar atletas como o guarda-redes Luís Maximiano (atualmente no Granada depois de passar pelo Sporting), e o Paulinho, que joga no Estrela da Amadora”.
Sobre o Maximiano diz que o treinou e incentivou durante uma época, dado que, devido às suas qualidades, era cobiçado pelos ‘grandes’: “Foi para o SC Braga, o FC Porto queria-o, mas acabou, aos 14 anos, por ir para o Sporting”.
No Ferreirense – onde chegou a ser diretor desportivo – treinava rapazes até aos 12 anos, que formavam cinco equipas federadas: os Benjamins (7 a 8 anos); e os escalões 8/9, 10/11 e 11/12. E teve muitos êxitos caso da vitória num torneio internacional em Vigo. Os clubes maiores cobiçavam os seus rapazes.
Passou, ainda, pela formação do Martim, clube de onde saíram, então, quatro jovens para as escolas do Gil Vicente. E pelo Ceramistas.
Jogo pensado
O Quim da Lina vai, agora, voltar a “fazer o que mais gosta”, regressar ao Ferreirense para treinar rapazes até aos 12 anos. Vai inculcar a sua filosofia de jogo: “tem de ser uma coisa bem pensada, jogando-se com a bola colada ao chão, em todo o campo, em 4/3/3 e, se possível, com alas muito rápidos”, explica.
“Tudo bem treinado e trabalhado, com dureza em campo, mas sem violência e agressões”, assegura.
E a concluir, diz: “Vou-me dedicar, de novo, à formação. Adoro os putos, mas devo dizer que, por vezes, os pais põem demasiada pressão em cima deles, o que perturba a aprendizagem”.