O MIT – Sem Fronteiras (Mostra Internacional de Teatro) que arranca esta terça-feira, dia 1 de maio, no Museu dos Biscainhos, em Braga, com a participação de companhias de sete países, vai evoluir em termos de formato para se tornar, em 2025, um Grande Festival Internacional de Teatro e Ópera Clássicos (MITO), com espetáculos nas ruínas do antigo Teatro Romano.
O Diretor da CTB – Companhia de Teatro de Braga, Rui Madeira adiantou ao O MINHO que a realização do MITO estava pensada para a Braga 27- Capital Europeia da Cultura, mas como o galardão foi para Évora, fará parte da programação do evento 25- Braga Capital Portuguesa da Cultura.
O também encenador e ator da CTB diz que a MITO dará seguimento lógico às relações e parcerias internacionais que mantém com várias estruturas de criação e festivais de outros países: “somos, muito provavelmente, a companhia mais internacionalizada do país”, salientou.
Diz que será o prolongamento do MIT, quer quanto à temática, quer quanto à especificidade das escolhas programáticas, tendo em consideração a matriz identitária da cidade e da região e uma utilização cultural mais consequente das ruínas do antigo Teatro Romano, sito em Maximinos”.
As ruínas serão, entretanto, alvo de um projeto de requalificação camarário – envolvendo a UMInho – mas o presidente do Município, Ricardo Rio adiantou ao o MINHO que não devem estar concluídas em 2025. De qualquer modo, e mesmo sem requalificação, o Teatro da antiga cidade romana, a Bracara Augusta, tem já vindo a ser utilizado pela CTB para espetáculos.
Teatro é greco-latino
Rui Madeira lembra, a propósito, que “a construção do Teatro é um conceito e uma realização arquitetónica da civilização greco latina. Elemento indispensável de todos os centros urbanos desde o período clássico até aos nossos dias. O teatro sempre ocupou o centro da vida política, social e religiosa: a Acrópole. Braga, cidade milenar e capital da Galécia no império romano, encontra aí muito da sua identidade matricial”.
Acrescenta que, nos próximos dois anos serão trabalhadas coproduções, de teatro e ópera, entre companhias europeias, cujo resultado será apresentado no MITO: “este projeto visa a libertação da Europa e a recriação da Cidade, num contexto de profunda ameaça aos seus povos e às suas identidades”, acentua.
Sobre a 2.ª edição do MIT Sem Fronteiras, que começa terça-feira, anota que, “e buscando essa primeira compreensão da ideia do teatro como um lugar de iluminação comunitária, se propõe renovar, interpretar, cocriar e produzir novas interpretações contemporâneas das obras da Cultura Clássica”.
Esta Mostra Internacional, que decorre em Braga, no Teatro Circo, em Barcelos no Teatro Gil Vicente e na Maia, na Quinta da Caverneira, visa contribuir para a Paz, a Diversidade Cultural e a Coesão Social, através da Arte Teatral, assumindo-se, como “momento de experimentação de modelo e prática para cumprir desígnios futuros, dentro dos Objetivos Estratégicos de Braga/Cultura 2030 e, na região, do Quadrilátero Urbano. E assim se manterá, com características experimentais em 2023 e 2024. Em 2025, ano dos 45 anos da CTB e dos 50 anos do 25 de Abril, assumirá então toda a sua dimensão o Grande Festival Internacional de Teatro e Ópera Clássicos (MITO).
16 espetáculos com 50 artistas
A MIT 23, que decorre até ao dia 6, terá representantes de oito países e 50 artistas estrangeiros, bem como com entidades representantes dos governos e cidades dos respetivos países, diretores de teatros, críticos, etc. Durante a MIT 23, terão lugar 16 representações em Braga, Maia e Barcelos.
Contará com criações, artistas e representantes de teatros de Itália, Chipre, Geórgia, Cazaquistão, Uzbequistão e Quirguistão. A Ucrânia volta a estar representada pelos artistas que integram aquele projeto. Conta ainda com a participação da CTB como anfitriã. Haverá, ainda, lugar, a uma Homenagem à Luta pela Liberdade travada pelo povo ucraniano e os seus artistas, sendo o resultado das bilheteiras dos espetáculos Pássaros e Northern Lights inteiramente destinados ao Teatro de KERSHON, “com quem a CTB tem uma longa e rica colaboração e profunda amizade com o seu director Alexandr Kniga, também presidente da ETA-Eurásia Theater Association”.
A Organização da MIT é da responsabilidade da CTB, numa parceria ativa com a ETA, que agrega estruturas de criação e de festivais de 23 países da Ásia e Europa, (Índia, Azerbaijão, Bulgária, França, Geórgia, Itália, Cazaquistão, Tajiquistão, Quirguistão, Kosovo, Lituânia, Chipre Norte, Chipre Sul, Polónia, Países Baixos, Portugal, Roménia, Servia, Uzbequistão, Espanha, Turquia, Ucrânia, e cujo Conselho Executivo Rui Madeira integra. E conta com os apoios institucionais do Ministério da Cultura / DGArtes; Municípios de Braga e de Barcelos, do DST GROUP (Mecenas da Companhia) e de outras estruturas e instituições.