O número de mortes nos próximos meses por causa da covid-19 pode ultrapassar os 10 mil, disse hoje o professor Carlos Antunes, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e membro da equipa que modela a evolução da doença a curto e médio prazo desde o início da pandemia.
Em declarações ao Diário de Notícias, Carlos Antunes afirma que “ninguém pode dizer com certezas o que vai ou não acontecer daqui para a frente”, mas a realidade está pior do que as previsões matemáticas, que indicavam cerca de 170 mortos nesta altura, e 200 só em fevereiro.
“Os cenários que temos agora traçados poderão ser ultrapassados daqui a quatro ou cinco semanas com a nova variante. Os especialistas não têm duvida de que se irá tornar dominante em relação à que já circula, e se agora não estamos a conseguir dominar o contágio, nessa altura vamos ter muito mais dificuldade, pois é sabido que a velocidade com que se propaga é muito maior”, disse.
“Exemplos não faltam na Europa sobre o que se deve fazer quando se atinge um teto diário de dez mil casos: confinamento total e testagem massiva para se apanhar os assintomáticos. Foi o que se fez na Dinamarca e na Irlanda, e em 15 dias baixaram dos sete mil casos para os dois mil”, disse, esperando que o mesmo método seja adotado em Portugal.
O matemático mostrou-se “triste” por “nem nas reuniões do Infarmed nem nas medidas do conselho de ministros” se ter falado “em reforçar as equipas de rastreio e de pandemia.
“Reforçámos o policiamento na rua, mas isso não permite apanhar os infetados”, vincou.
Sobre estimativas, o professor aponta o número de 16 mil infetados ao longo desta semana e que Portugal poderá vir a ter mais 10 mil mortes até meados de março.
“Estima-se que estes [óbitos] atinjam os 20 mil em meados de março. Nos próximos dois meses, vão morrer ainda mais pessoas do que até agora”, alerta Carlos Antunes.