Valença quer avançar com a criação do Parque Urbano Fluvial Transfronteiriço Valença-Tui. O projeto, que contempla uma terceira ponte, pedonal e ciclável, sobre o rio Minho, foi anunciado, esta quinta-feira, pela Eurocidade Tui-Valença.
“Queremos uma ponte porque é uma necessidade, porque os cidadãos mudaram os hábitos e estão a exigir mudanças nos desenhos das cidades. Hoje, querem cidades mais humanizadas, com mais espaço dedicado às pessoas”, referem Manuel Lopes, presidente da Câmara de Valença, e Henrique Cabaleiro, Alcalde de Tui, citados em comunicado.
O estudo contempla uma intervenção, em toda a margem do Rio Minho, a poente da cidade, desde a Senhora da Cabeça, em Cristelo Côvo, até a uma zona a nascente, em frente à cidade de Tui, na Veiga de Ganfei e a sua ligação a Tui. A área total de intervenção ronda os 250 mil m2 com uma extensão de 5,7 Kms.
Via pedonal e ciclável
O projeto contempla uma via verde marginal, sempre junto ao rio, com perfil de parque urbano, que ligará o Parque da Senhora da Cabeça ao Parque da Veiga de Ganfei e este ao Paseo Fluvial de Tui. Esta via integrará os já existentes percursos da Ecopista do Rio Minho / Marginal da Senhora da Cabeça, da Ecovia Veigas do Rio Minho, em Valença e do Paseo Fluvial de Tui. Além dos acessos no princípio e no fim do mesmo haverá outras ligações, nomeadamente à Fortaleza e junto à Ponte Metálica Centenária.
Parque da Senhora da cabeça
Como grandes âncoras, a Câmara pretende materializar o Parque da Senhora da Cabeça, requalificando esta área para usufruto da população e visitantes. “Um conjunto de valências de lazer, entretimento e desportivas estão em estudo para potenciar este espaço junto ao rio Minho”, acrescenta o município.
Para a zona da Veiga de Ganfei, está prevista a implantação de um espaço de acolhimento, porta de entrada no parque, na parte norte na Zona da Veiga de Ganfei com um conjunto de infraestruturas de apoio.
Nova Ponte no Rio Minho
O projeto em estudo prevê a construção de uma nova ponte pedonal e ciclável sobre o rio Minho, interligando continuamente os percursos de Valença e Tui e ligando os dois centros históricos. Esta será a terceira ponte a ligar as duas cidades. A nova ligação terá um perfil moderna e com materiais leves. A ponte será construída pelos Municípios de Valença e Tui.
“Este projeto pretende ser estruturante para o espaço urbano de Valença e Tui e reforçar as condições das múltiplas ligações entre as duas margens da Eurocidade”, salienta o comunicado.
Concluído o estudo, a autarquia pretende lançar um concurso de ideias, junto de arquitetos e gabinetes de arquitetura, para a elaboração do projeto.
Investimento superior a 5 milhões de euros
O projeto custará mais de cinco milhões de euros. Em conferência de imprensa conjunta, realizada no Paços do Concelho de Valença, no interior deserto da fortaleza habituada a receber 12 mil visitantes por dia, o autarca Manuel Lopes (PSD) disse que o projeto é um “marco histórico” para a cidade portuguesa “que nasceu, cresceu e se desenvolveu ao longo dos anos numa relação íntima e afincada com os vizinhos de Tui”.
“Se o nosso território foi, ao longo de muitos anos separado por uma barreira natural, o rio Minho, hoje essa barreira natural é nada mais que um elo de ligação entre as duas populações. É um projeto de ambas as cidades, amadurecido ao longo de vários meses. Queremos Valença e Tui viradas para o rio Minho e de mãos dadas para o futuro”, reforçou o presidente da Câmara de Valença.
A área total do futuro parque transfronteiriço, que poderá começar a ser concretizado em 2022, após garantir financiamento de fundos comunitários, atingirá os 250 mil metros quadrados e uma extensão de 5,7 quilómetros.
O projeto será executado “por fases”, sendo que a primeira, onde está prevista a construção da ponte pedonal e ciclável “ascende os cinco milhões de euros, valor que poderá aumentar à medida que o projeto for sendo completado”.
“Sem financiamento comunitário é impensável concretizá-lo, mas penso que Bruxelas estará na disposição de olhar para estas duas cidades que não se repetem em mais nenhuma zona da Península Ibérica. Podemos chegar á ponte metálica e falar para o lado de Espanha e ouvem-nos”, disse.
Para o autarca trata-se de “um valor acessível”, atendendo “à proximidade de povos e de costumes”.
A centenária ponte Eiffel, que percorre os 400 metros que separam as duas cidades “não é mais do que uma rua que nos liga todos os dias”, disse, embora a estrutura esteja atualmente encerrada devido à pandemia de covid-19.
A ponte nova, hoje o único ponto de atravessamento entre o Alto Minho e Galiza a funcionar 24 horas, lidera o tráfego rodoviário diário entre os dois países com 15.741 veículos.
A ponte pedonal e ciclável será a terceira a ligar a eurocidade Valença e Tui, constituída em 2012, e terá entre “350 e os 400 metros” de extensão.
“É ideia ambiciosa, mas exequível, quando a Europa tem os olhos postos em nós e, nós, podemos ser um marco e um exemplo para todos”, afirmou Manuel Lopes.
O autarca de Tui, Enrique Cabaleiro, destacou que que a nova ponte “ligará os centros históricos das duas cidades que aspiram vê-los classificados como Património da Humanidade”, por serem “únicos e singulares em ambos os países”.
Cabaleiro disse tratar-se de um projeto “estratégico” para um território “onde vivem perto de 40 mil pessoas” e que pretende “superar as dificuldades de mobilidade pedonal” detetadas nos dois lados do rio Minho.
“Esse número reflete a magnitude da nossa eurocidade e da sua importância”, disse, referindo que as duas pontes internacionais foram construídas para o trânsito de veículos, mais do que à mobilidade de pessoas”.
“São pontes desenhadas para favorecer a mobilidade rodoviária, e ferroviária, no caso da ponte metálica, e não tanto para as pessoas. De um tempo a esta parte temos constatado que o conceito de mobilidade, felizmente, na Europa e também nos territórios transfronteiriços está a mudar e a virar-se para as pessoas”, referiu o autarca de Tui.
Para Enrique Cabaleiro “em Tui e Valença esse novo conceito de mobilidade apresentava carências importantes e daí a necessidade de construir uma ponte exclusivamente pedonal”.
“Infelizmente, ainda estamos confrontados com o encerramento de fronteiras devido à pandemia. Se algo de positivo trouxe este encerramento é um sentimento de identidade nunca antes sentido de querermos partilhar projetos e a nossas vidas. No momento em que se reabrirem as fronteiras, esperemos que brevemente, acredito que haverá uma avalanche de consumidores a um e ao outro lado da raia, não só para comprar, mas para usufruir do lazer e da vida social nos dois lados”, destacou.
Dentro de “quatro a cinco meses” estará concluído o concurso de ideias para a elaboração do projeto, que terá cerca de 25 hectares.
Aquele estudo contempla uma intervenção em toda a margem do rio Minho, desde a Senhora da Cabeça, em Cristelo Côvo, até a uma zona a nascente da centenária ponte Eiffel, na veiga de Ganfei, até à Catedral de Tui.
A “via verde marginal, sempre junto ao rio, com perfil de parque urbano, ligará o parque da Senhora da Cabeça ao parque da Veiga de Ganfei e deste ao Paseo Fluvial, que através de uma ecovia liga diretamente ao centro histórico de Tui”.
No percurso haverá ainda “outras ligações, nomeadamente à fortaleza de Valença, junto à centenária ponte metálica”.
O novo percurso integrará os já existentes ao longo da ecopista do rio Minho.
Do lado português, o projeto prevê a “ampliação” do parque da Senhora da Cabeça e a criação de um conjunto de infraestruturas de lazer, entretenimento e desportivas para potenciar a zona da Veiga de Ganfei, situado junto ao rio.
Está ainda prevista a implantação de um espaço de acolhimento, porta de entrada do parque, na parte norte da zona da Veiga de Ganfei.
Notícia atualizada às 15h19 com mais informação.