O Centro de Estudios Históricos del Ferrocarrial Español vai “salvar” um histórico vagão de comboio de 1885, construído na Bélgica pela Usines de Morlanwelz, e que veio para Portugal prestar serviço na Companhia dos Caminhos-de-Ferro do Minho e Douro, passando a integrar a frota da CP a partir de 1947.
A peça de mais de 130 anos esteve ameaçada de ser demolida pela CP, mas a companhia espanhola resolveu ficar com o vagão JSF 50002, que segue agora para Barcelona. O destino, de momento, deste valioso veículo histórico foi o Parque Ferroviário de Martorell, segundo avança o “Público”.
O “vagão J”, como é conhecido, foi salvo da demolição em 2007 por três amigos entusiastas do caminho-de-ferro, que pagaram 2 mil euros pela peça. O Museu Nacional Ferroviário prontificou-se a recebê-lo para integrá-lo no seu espólio, na altura.
A Fundação Museu Nacional Ferroviário ficaria responsável pela movimentação da Régua para as oficinas de Contumil da CP, e depois para o museu do Entroncamento, onde ficaria em exposição.
Mas a Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário nunca deu um orçamento para os três amigos.
“No início deste ano fomos surpreendidos com uma carta da CP a dizer que tínhamos de retirar o vagão das oficinas ou passaríamos a pagar mil euros mais IVA, por mês, de taxa de estacionamento”, disse Paulo Alexandre, um dos três amigos.
Na carta, a empresa ainda dizia que se o veículo não fosse retirado, seria demolido e vendido para sucata.
Fo então que os amigos entraram em contato com o Centro de Estudios Históricos del Ferrocarrial Español, que aceitou a peça e fez o resgate.
Até aos anos 1970, existiam vários vagões J, mas a chegada de um material mais moderno levou os antigos ao abandono e demolição. Este sobreviveu por acaso e tornou-se numa peça única.
A CP alega que o vagão em causa não é de sua propriedade há mais de 10 anos, e que a EMEF não procedeu à sua reperação por falta de recursos humanos face à necessidade de manutenção do material.