A Câmara de Vizela manifestou hoje a sua “incompreensão” por não se ter iniciado ainda a vacinação à covid-19 dos utentes do lar da Santa Casa da Misericórdia de Vizela, apesar de nunca terem ocorrido casos positivos entre os utentes.
“A Câmara Municipal de Vizela considera que este atraso no processo de vacinação pode pôr em causa todo o trabalho desenvolvido por esta instituição, que conseguiu, de forma exemplar, afastar a covid-19, mesmo quando o índice de incidência por 100 mil habitantes ao longo dos últimos 14 dias, colocou Vizela, em novembro do ano passado, em segundo lugar como um dos concelhos mais afetados do país”, lê-se num comunicado da autarquia.
Segundo o município, “o Agrupamento de Centros de Saúde do Alto Ave manifestou total abertura e disponibilidade para proceder à vacinação naquela instituição”.
Contudo, acrescenta a câmara, a vacinação “depende, neste momento, exclusivamente do delegado de saúde”. O município apela, por isso, “uma vez mais e publicamente à intervenção imediata do delegado de saúde neste processo”.
A Lusa contactou a Misericórdia de Vizela, cujo provedor, Avelino Pinheiro, confirmou a situação apontada pela câmara, incluindo o facto de nunca ter havido utentes infetados com covid-19.
Aquele responsável refere não haver autorização para já da autoridade de saúde local para o processo de vacinação e que está marcado para quinta-feira novo conjunto de testes aos utentes e colaboradores do lar, prescritos pela autoridade de saúde.
Segundo o provedor, a situação atual de aparente impasse pode ser explicada pelo facto de ao longo dos sucessivos processos de testes à covid-19 no lar, realizados nas últimas semanas, terem surgido, em dois momentos diferentes (18 e 30 de janeiro), dois alegados testes positivos em utentes.
Contudo, explicou, foram imediatamente realizados testes posteriores, a pedido da instituição, que deram resultados negativos. No segundo caso, a utente supostamente com resultado positivo fez mais três testes, além do realizado no dia 30 de janeiro, e todos deram negativo, acrescentou.
No dia 05 de fevereiro, em nova sessão de testes, envolvendo 112 pessoas, todos foram negativos.
Apesar disso, a totalidade dos 70 utentes mantém-se, até ao momento, em isolamento profilático, por ordem do delegado de saúde, impedindo o processo de vacinação, situação que o provedor lamenta e considera “caricata”.
A Lusa contactou a autoridade de saúde que tutela o concelho de Vizela, que se recusou a prestar declarações sobre o assunto.