A Comissão de Utentes do Hospital de Guimarães (CUHG) defendeu hoje, no parlamento, que a melhoria do serviço de urgência desta unidade de saúde é “prioritária”, frisando que faltam médicos e alguns serviços especializados.
Na sequência da petição “Defender o Hospital de Guimarães e todos os seus serviços e exigir condições dignas de atendimento na urgência”, a CUHG foi recebida hoje na Assembleia da República, em Lisboa, onde reclamou da atual situação do serviço de urgência, por estar “completamente congestionado”.
A representante da comissão, Maria de Lurdes Ribeiro, afirmou que são necessárias obras urgentes no equipamento de saúde.
A petição foi subscrita por 4.660 assinantes e deu entrada no parlamento no dia 27 de novembro de 2015, reivindicando a revogação de uma portaria de 2014 que “desclassifica o Hospital de Guimarães e reduz serviços e valências desta unidade de saúde”.
O documento pede também a remodelação das urgências e a contratação dos profissionais de saúde (médicos, enfermeiros, técnicos) em falta.
De Guimarães para a Assembleia da República, os membros da CUHG percorreram mais de 300 quilómetros para “sensibilizar os deputados, que, naturalmente, às vezes estão longe dos problemas”, disse a representante, reforçando que é importante a revogação da portaria que classifica as unidades de saúde para que “o hospital não desça de categoria” e lhe sejam retirados alguns serviços.
Na audiência estiveram presentes os deputados do PS António Sales e Luís Soares e a deputada do PCP Carla Cruz, que referiram que ambos os partidos apresentaram iniciativas ao anterior Governo (PSD-CDS) para revogar a portaria.
Segundo a deputada comunista Carla Cruz, o PCP apresentou um projeto de resolução que previa o reforço de profissionais de saúde nos hospitais e um projeto-lei para a reorganização hospitalar, mas ambos foram chumbados. O partido, declarou, “acompanha todas as preocupações” dos utentes do Hospital de Guimarães.
“Se não fosse o brio dos profissionais, o serviço de urgência ainda estaria pior”, considerou a deputada comunista.
Já os deputados do PS afirmaram que está no programa do atual Governo a reorganização das unidades hospitalares.
“Fazer a reorganização hospitalar para depois fazer a suspensão da portaria”, perspetivou o deputado António Sales, acrescentando que o programa do Governo PS inclui também a “contração de médicos diferenciados para o serviço de urgência”.
Luís Soares reforçou que o executivo tem conhecimento da “necessidade da revogação da portaria”.
Segundo a CUHG, a concretização desta portaria significa que o Hospital de Guimarães perderá os serviços de Neonatologia e a Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais, Ginecologia e Obstetrícia, com o encerramento do Bloco de Partos, Imuno-alergologia, Dermatologia, Urologia, Cirurgia Vascular ou Anatomia Patológica.
Ficam em risco outros serviços como Cardiologia e Unidade de Cuidados Intensivos Cardíacos, Gastroenterologia, Oncologia, Pneumologia, Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Hemodiálise.
A petição foi subscrita pelo presidente da Câmara de Guimarães, que, segundo a representante da CUHG, está preocupado com a situação, assim como com “os cogumelos privados que estão a nascer à volta”.