Furtavam carros com recurso a inibidores de sinal GPS, atuando em diversos concelhos dos distritos de Braga e Porto. O Ministério Público (MP) acusa 25 arguidos de vários crimes de recetação, furto qualificado e falsificação de documentos.
Por despacho de 14 de abril, o MP do Porto considera “indiciado que a atividade criminosa estendeu-se entre março de 2021 e agosto de 2024”, sendo que “os arguidos, acusados dos crimes de furto e falsificação de documentos, procederam à subtração de diversos veículos automóveis aparcados na via pública, de diferentes marcas e modelos, e em várias zonas do país (Matosinhos, Braga, Vila Nova de Famalicão, Maia, Castelo Branco, Porto, Estoril, Vila do Conde e Póvoa do Varzim) que venderam nesse estado ou desmantelados em peças aos restantes arguidos ou a terceiros”.
“Além dos veículos, estes arguidos também furtavam chapas de matrícula de outras viaturas, que depois usavam nos veículos furtados; para o sucesso dos furtos, muniam-se de equipamentos eletrónicos específicos como rastreadores GPS, emuladores e dispositivos Jammer (inibidores de sinais de GPS) e, quase sempre aparcavam os veículos subtraídos em locais diferentes e por dias, para despistar qualquer localização pelas autoridades policiais ou proprietários”, refere nota da Procuradoria-Geral Distrital do Porto.
Segundo a acusação, um destes arguidos usou a sociedade que geria para dissimular os ganhos com a venda dos veículos furtados, chegando mesmo, através dessa sociedade, a adquirir um imóvel cujo pagamento foi assegurado com os proveitos ilícitos.
Já os arguidos acusados dos crimes de recetação “adquiriam os veículos furtados por aqueles arguidos ou as peças que deles provinham, assim como adquiriram a diferentes pessoas não identificados, também provenientes de crimes contra o património”.
No total, quatro arguidos estão acusados por diversos crimes de furto qualificado e a dois deles, ainda crimes de falsificação de documentos; uma sociedade, gerida por um daquele arguidos autor dos furtos, por um crime de branqueamento; dezasseis arguidos, por diversos crimes de recetação e de recetação agravados, respondendo dois deles, ainda, por crimes de falsificação de documentos e, um outro, por diversos crimes de condução sem habilitação legal; uma sociedade, igualmente, por crimes de recetação e falsificação de documentos; dois arguidos, sendo uma funcionária pública, por diversos crimes de acesso ilegítimo agravado e crimes de violação do dever de sigilo, respondendo o arguido, ainda, por crimes de falsificação de documentos; um arguido, por crimes de simulação de crime, burla qualificada e falsificação de documentos
O MP salienta que uma arguida é funcionária de uma conservatória da Trofa e terá “fornecido, de forma ilegítima, a outro arguido, por diversas vezes, nomes e moradas dos proprietários de veículos”.
“Por fim, é ainda imputado a um arguido a falsa participação à respetiva companhia de seguros do furto de um veículo de sua propriedade, com o propósito de obter o reembolso do crédito que se encontrava a pagar”, acrescenta a nota.
O MP estima que os arguidos tenham lucrado 650 mil euros com a atividade criminosa, os quais pede que sejam declarados perdidos a favor do Estado, sem prejuízo dos direitos dos ofendidos.
Um dos arguidos, principal autor dos furtos dos veículos, encontra-se em prisão preventiva desde outubro de 2024.