A União de Restaurantes do Minho (URMinho) considera “incompreensível” que os seus associados não possam trabalhar “quando são permitidos ajuntamentos e jantares de comício, em restaurantes que deveriam estar fechados”. A associação apela ainda ao boicote nas eleições presidenciais, numa carta aberta ao Presidente da República, Presidente da Assembleia da República, Primeiro-Ministro, Presidente da Comissão Nacional de Eleições e Presidentes das Câmaras Municipais do Minho.
A URMinho começa por “mostrar total descontentamento” perante as notícias de “falta de condições para [as pessoas] exercerem o seu direito de voto”.
“Assim, torna-se incompreensível enquanto empresários e associados da URMINHO não nos deixarem trabalhar, quando são permitidos ajuntamentos e jantares de comício, em restaurantes que deveriam estar fechados”, refere a carta aberta, numa referência, implícita, ao jantar de apoio a André Ventura, que reuniu cerca de 170 pessoas em Braga.
“Não é justo, não é sério e não é democrático, uns estarem inibidos de trabalhar e outros em campanha eleitoral fazendo com que os ajuntamentos, tão falados, aconteçam, denegrindo a imagem do país. Não contrariando a opinião pública, mas não nos inibindo de transmitir a opinião dos nossos associados, vimos reafirmar que estas eleições não deveriam decorrer neste tempo tão dramático”, refere a URMinho.
Apelo ao boicote
“É para confinar confinar, não é para votar”, é assim que a URMinho apela a abstenção no próximo dia 24, instando também à colocação de faixas pretas “bem visíveis à porta dos respetivos estabelecimentos” para demonstrar o que considera ser “esta face negra da democracia”.
“Se algum empresário de outras atividades comerciais se sentir igualmente injustiçado, sintam-se livres para fazer o mesmo”, destaca a carta aberta, apelando a que, “perante toda esta vergonha”, sejam “prontamente esclarecidos os acontecimentos recentes acima enumerados”.
“É incompreensível o nosso sector estar encerrado quando não há um único estudo que prove que a restauração é responsável pelo aumento dos números de casos. Aliás, indo mais longe, nos picos do contágio, os restaurantes estavam fortemente limitados no exercício da sua atividade, dando ênfase ao Natal e ao Ano Novo”, acrescenta.
“Não queiram, daqui a 3 semanas, se lamentar à semelhança do Natal, pelo facto de se poder desconfinar e circular livremente, no dia 24, apenas com o pretexto de ir votar. Um país onde a democracia é posta apenas ao dispor de alguns não é um país democrático”, conclui a carta aberta.
Notícia atualizada às 13h54 com mais informação.