A Universidade da Beira Interior (UBI), na Covilhã, não compreende a redução dos locais onde se realizará a prova de acesso à formação especializada em Medicina, disse hoje à agência Lusa o presidente da Faculdade de Ciências da Saúde da UBI.
“É uma decisão que não compreendemos. Entendemos que não era necessário ter feito este tipo de alteração e a nossa proposta é que, em tempos futuros, volte novamente a ser restabelecida a possibilidade de os alunos fazerem a prova nos locais onde estudam, sem colocar em causa as condições de equidade e justiça que se pretendem”, referiu Miguel Castelo Branco em declarações à Lusa.
Este responsável ressalvou que a instituição sediada na Covilhã, distrito de Castelo Branco, considera positiva a reforma geral que foi implementada no modelo do exame, mas que não pode concordar com a componente da localização, uma vez que esta fica limitada a Porto, Coimbra, Lisboa, Funchal e Ponta Delgada.
“Quando tanto se fala de descentralização, depois acaba-se por centralizar a prova e, para variar, nas instituições do litoral”, lamenta.
Miguel Castelo Branco sublinha ainda que a “concentração” da prova em apenas cinco locais também implica uma “logística mais complexa” ao nível da organização e que pode ter reflexos nos alunos que tenham de fazer mais quilómetros.
Por outro lado, salienta que os alunos já estavam à espera de poder realizar a prova na cidade onde estudam e que foram “surpreendidos” pela alteração.
Argumentos que a FCS da UBI vai comunicar aos responsáveis pelo processo, assegurando que esta instituição tem todas as condições técnicas necessárias para que a prova seja ali realizada.
A Associação Nacional de Estudantes de Medicina já veio condenar esta decisão que classifica de “centralista e discriminatória” e escreveu uma carta aberta aos vários intervenientes no processo, manifestando-se surpreendida com a “alteração drástica”.
Os estudantes de Medicina reclamam que também os alunos das escolas médicas de Braga, da Covilhã e de Faro deviam poder fazer a prova nas respetivas cidades.
O coordenador do Gabinete da Prova Nacional de Acesso afirma que a escolha de cinco locais (três no Continente e dois nas ilhas) se deve à necessidade de tornar o mais uniforme e homogénea possível as condições de realização da prova.
“Não temos nada contra os estudantes de nenhum dos locais. O que pretendemos é conseguir para os estudantes equidade, segurança e qualidade na realização da prova”, justificou Serafim Guimarães em declarações à agência Lusa.
O responsável argumenta que há ainda a preocupação de ter uma vigilância mais apertada durante a realização da prova e de reduzir ao mínimo possível a fuga de informações sobre a Prova Nacional de Acesso.
Contactada pela agência Lusa, a Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), também envolvida neste processo, remeteu para informação disponível no seu ‘site’.
“As características físicas dos locais onde se realizam as provas são importantes para assegurar, por um lado, a qualidade da experiência e, por outro, o mínimo de perturbação durante a realização da mesma. Em anos prévios foram destacadas discrepâncias entre as condições de realização da prova em locais diferentes e reportes informais de candidatos que se sentiram prejudicados por tal”, refere a informação da ACSS.
A ACSS indica também que, depois de consultada a Associação Nacional de Estudantes de Medicina, a Ordem dos Médicos e o Ministério da Saúde, se entendeu importante “harmonizar as condições de administração da prova, por forma a reduzir o viés introduzido por estas na seleção”.