A Fundação que gere o navio-museu Gil Eannes está a avaliar os custos da transformação da única pousada da Juventude flutuante do país, em Viana do Castelo, fechada desde 2013, em museu do espólio dos estaleiros navais da cidade.
“Necessitamos de mais espaços de exposição no navio porque o nosso espólio tem vindo a crescer. Há também espólio dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo (ENVC) que precisa áreas de musealização. Estamos a avaliar a utilizar da Pousada da Juventude como uma área expositiva”, afirmou esta quarta-feira o presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo.
O autarca socialista, que é também presidente daquela fundação e falava à margem da inauguração de uma nova rua criada no centro histórico da cidade no âmbito de um projeto de regeneração urbana, adiantou que “a decisão de não continuar com a pousada” e transformar o espaço numa nova área museológica dentro do navio “será tomada este ano”.
O espaço instalado nas antigas enfermarias do navio-museu foi desativado em 2013. Na altura a Secretaria de Estado do Desporto e da Juventude reservou uma decisão definitiva para um estudo de viabilidade sobre a rede de Pousadas de Juventude, operada pela Movijovem.
No entanto, aquela pousada, uma das duas exploradas em Viana do Castelo pela Movijovem, continua encerrada. A Câmara chegou a equacionar a concessão a privados mas sem resultados.
O novo espaço museológico a criar na embarcação pretender dar visibilidade “ao espólio muito rico dos ENVC que ainda não está a ser mostrado à população”.
O autarca explicou que o objetivo passa por criar “um centro de interpretação ligado à construção naval, visto que o Gil Eannes foi construído nos ENVC”.
“Gostaríamos de ter algum material exposto, dando nota do trabalho notável que os ENVC fizeram na década de 50 do século passado”, revelou.
Aquele espólio, explicou, inclui de peças com valor histórico e patrimonial, desde desenhos e maquetas dos primeiros navios, passando por cartas, fotografias e ferramentas ilustrativas da evolução da construção naval.
O material foi transferido para o município na sequência do processo de extinção, em curso, dos ENVC, sendo gerido pela fundação que gere o navio-museu.
A pousada desativada em 2013 tem cerca de 60 camas instaladas nas antigas enfermarias do navio-hospital, ancorado há 18 anos na doca de Viana do Castelo e transformado em museu, por onde já passaram mais de 650 mil pessoas.
Em novembro de 2014 abriu portas no navio o Centro de Mar que representou um investimento de 550 mil euros financiado pelo Programa Operacional Regional do Norte (ON2) 2007-2013, no âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN).
O projeto, que nasceu em 2008 no seio da extinta Valimar, associação de municípios do Vale do Lima e transitou para a Comunidade Intermunicipal (CIM) do Alto Minho, começou por ser desenhado por Ernâni Lopes, enquanto fundador da Saer – Sociedade de Avaliação de Empresas e Risco.
O novo espaço está dotado, entre outras valências, de equipamentos multimédia, áreas de apoio ao empreendedorismo e economia náutica e diversas experiências audiovisuais interativas.
O navio foi ainda dotado de um percurso museológico e interpretativo sobre a cultura marítima de Viana do Castelo e de um Centro de Documentação Marítima.