É uma ‘treetop house’, ou como lhe chamam em português, uma casa na copa das árvores. Custou cerca de 200 mil euros e está embutida numa zona florestal de uma freguesia de Ponte da Barca, a poucos quilómetros do Parque Nacional Peneda-Gerês. É o novo lar de um casal “mente aberta” que pode agora ter um olhar de 360 graus para a natureza de Ponte da Barca.
A obra esteve esta segunda-feira em destaque na edição diária do prestigiado portal de arquitetura mundial Arch Daily, relevando o trabalho do arquiteto João Marques Franco, do gabinete de arquitetura Marques Franco, sediado em Viana do Castelo.
A casa tem apenas um piso, modelo T3, e funciona no estilo “planta aberta”: Da sala vê-se para a cozinha, da cozinha para o quarto, assim sucessivamente. Não tem paredes, os armários fazem as divisões entre a casa, e a divisão com o exterior é feita 100% em vidro, o que faz com que pareça maior do que é.
Contactado por O MINHO, o responsável adianta que o projeto começou com um pedido de um pintor (Emanuel Pio) e de uma professora de História de Arte (Graça Pires), ambicionando a construção de uma casa num terreno acidentado na freguesia de Vila Nova de Muía, para que tornasse em residência permanente.
As casas no topo das árvores têm proliferado na região minhota, mas incidem sobretudo em pequenas cabanas de madeira de âmbito turístico. E este casal quis fazer rotina dessa vista privilegiada para a natureza.
João Marques Franco admite que teve “total abertura” por parte dos clientes para a construção da casa. Sugeriu que a mesma fosse elevada até à copa das árvores por se tratar de um terreno acidentado e por o acesso estar localizada a partir de uma cota superior no terreno disponível.
“Não quis fazer a casa adaptada a socalcos, porque qualquer superfície plana ficaria muito levantada dada a inclinação. Assim decidimos elevar a casa ao nível da copa das árvores com uma plataforma”, explica. Já o acesso à habitação é feito normalmente através da cota superior do terreno, com ligação à estrada.
O arquiteto explica que existía uma casa em ruínas naquele local, que foi demolida. “Isso permitiu fazer esta obra com um corte mínimo de árvores, acho que só abatemos uma que era relativamente recente”, admite, revelando que “as centenárias, como carvalhos e nogueiras, ficaram todas”.
O responsável explica que o objetivo foi incorporar a moradia na natureza sem criar grande ruído. As cores são neutras, cinza, e todas as paredes para o exterior são vidros de correr, que quando abertos, permitem a sensação de estar dentro de casa e na floresta em simultâneo. Toda a natureza ao redor fica visível de qualquer ponto da casa, sempre em 360 graus, pois o vidro assim o permite.
A casa, de protótipo T3, não tem paredes exteriores, e por dentro apenas há a separação das casas de banho. As restantes divisões são divididas com a própria mobília, como estantes.
Questionado por O MINHO sobre possíveis problemas relativamente à proximidade com árvores de grande porte, o arquiteto explicou que alguns “galhos” já se estão a encostar às grades exteriores, e que isso permitirá que se moldem à própria casa.
As trepadeiras já vão subindo e tomando conta, mas a ideia acaba por ser essa: Uma simbiose entre a moradia e as árvores centenárias.
A casa terá custado cerca de 200 mil euros, após a construção levada a cabo pela empresa Vodul, também de Viana do Castelo. “Não há materiais extravagantes, não tem escadas, é só um piso, os materiais foram relativamente comuns. Investimos mais em levantá-la e em ter janelas e caixilhos de boa qualidade”, explicou o arquiteto.