A 10 de novembro de 2020, um problema elétrico ‘esfumaçou’ por completo a fábrica de madeira e acrílicos Nevacril, localizada na Rua Engenheiro Carlos Alberto Martins, lugar de São Bento, em Balugães, no concelho de Barcelos. Um curto-circuito no interior de um quadro elétrico destruiu local de produção e zona de escritórios, deixando a empresa familiar e 44 colaboradores com o futuro em risco.
Hoje, um ano volvido, Magali Silva chorou ao acordar. Desta vez, não por desespero, mas sim pela paz. Uma das quatro sócias da empresa, em conjunto com os pais e o irmão, antecipava a “pequena celebração” que hoje, com os 50 trabalhadores, decorre na renascida Nevacril, depois de um ano a trabalhar em instalações provisórias.
A estimativa para reconstruir toda a fábrica, comprar toda a maquinaria necessária para laborar, assim como todos os custos associados à logística e segurança – processos que ainda decorrem – é de cerca de dois milhões de euros. Ao longo dos meses que se seguiram ao incêndio, pairava a dúvida no ar: será que esta família vai mesmo conseguir recuperar?.
O tempo mostrou que a resposta era positiva. A solidez financeira da empresa ajudou à autosustentação durante este último ano, com uma pandemia em paralelo que ameaçava a vertente de mercado. Com o pé-de-meia da empresa e a resposta positiva dos bancos, foi possível reconstruir sem esperar pela chegada do dinheiro das seguradoras. Mas ainda há mais coisas a fazer.
O facto é que nenhum cliente voltou as costas à Nevacril. E a Nevacril também não virou as costas a nenhum trabalhador. Todos ficaram, menos os que quiseram sair. Mas esses, foram rapidamente substituídos. Os lugares até ficaram reforçados em relação ao pré-incêndio, com a contratação de mais quatro ou cinco funcionários.
Nicolau Silva, sócio e irmão de Magali, explica que as seguradoras vão assumir o estipulado em contrato, mas ainda não se entenderam em relação ao valor, pelo que poderá arrastar-se ainda mais no tempo a entrada do dinheiro do seguro na contabilidade da empresa. Até lá, a família continua a aguentar-se como até então: com muita união e solidez nas contas que permitiu mais financiamento.
A O MINHO, Magali conta como aconteceu o incidente: “Foi curto circuito num quadro elétrico, algo que só se passássemos máquinas de deteção de calor é que iríamos perceber, porque era por detrás das paredes. E mesmo essas vistorias acabam por ser uma sorte, foi quase como agulha num palheiro”.
E manifesta todo o contentamento e orgulho pelo alcançado: “Hoje estamos a fazer um ano do incêndio e estamos muito orgulhosos, muito unidos, porque conseguimos reconstruir e não perdemos um único cliente. Mesmo os trabalhadores podem ter ponderado que não íamos conseguir reerguer – e é normal terem pensado isso -, mas renascemos”.
Hoje, durante o dia, está patente uma exposição de fotografias dentro da empresa, para além de decorrer “uma pequena festa” com o padre da freguesia a benzer as novas instalações.
“Vamos celebrar o renascimento da empresa”, concluiu.
Cerca de 40 bombeiros no combate
A empresa começou a arder cerca das 18:30 do dia 10 de novembro de 2020, ficando com o interior “todo destruído”, conforme disse a O MINHO fonte dos bombeiros.
No local estiveram cerca de 40 bombeiros das corporações de Barcelos, Barcelinhos, Viatodos e Vila Verde.
O CDOS de Braga disse a O MINHO que não houve registo de feridos.
O incêndio foi dado por dominado cerca das 20:30 do mesmo dia mas os trabalhos de rescaldo duraram até ao início da manhã do dia seguinte.
Notícia atualizada às 13h02 (11/11) com mais informação.