48 testes de despistagem à covid-19 que deram positivo nas instalações da Santa Casa de Vila Verde revelaram-se, agora, negativos, após realização de contra-análise em outro laboratório, disse a O MINHO o provedor da instituição.
Segundo Bento Morais, 48 dos 49 testes positivos divulgados na quinta-feira foram contrariados por uma nova despistagem, realizada em outro laboratório, gerando assim indignação nos responsáveis da instituição vila-verdense.
O provedor explica que, a pedido do Agrupamento de Centros de Saúde Cabreira/Gerês, que tutela o concelho de Vila Verde, foram realizados 69 testes de despistagem na Unidade de Cuidados Continuados, com 49 desses testes a revelarem-se positivo. Os exames, sabe O MINHO, terão sido realizados num laboratório da Universidade do Minho.
Mas a instituição estranhou o resultado dos testes, indicando que nenhum dos visados apresentava sintomas e que todas as medidas foram sempre cumpridas escrupulosamente: “Eu disse que não acreditava, ninguém tinha sintomas, temos os melhores equipamentos de proteção, as instalações devidamente protegidas, ar renovado ao invés de ar condicionado, por isso pedimos a um laboratório credenciado para efetuarem os mesmos testes e, ontem recebemos os resultados indicando que apenas 1 dos 69 se revelou positivo”.
Bento Morais acrescenta que a funcionária que acusou positivo já estava referenciada por ter tido contacto com pessoas infetadas, daí não “haver surpresa nesse caso”. “Surpreendente foram os restantes, porque os três casos que tínhamos anteriormente eram de doentes que vieram de hospitais públicos, dois agora já recuperados e o terceiro em vias de recuperação”, acrescenta o provedor.
O responsável explica que foi enviado um ofício ao presidente da Câmara de Vila Verde, ao delegado de Saúde, à ACES, à Direção-Geral de Saúde e ao Ministério da Saúde de forma a anular os primeiros dados, já contabilizados no relatório epidemiológico divulgado ontem. O de hoje ainda constam os supostos casos positivos da instituição.
“Isto é muito grave, temos vários funcionários que foram enviados para casa com baixas médicas pagas a 100% por ordem das autoridades de saúde e isso é gravíssimo, pois não houve ponderação dessas mesmas autoridades quando lhes manifestamos que seria impossível haver esse número de infeções na instituição”, contextualiza.
E diz mais: “Não só como provedor mas como cidadão, sinto-me indignado com a falta de ponderação neste caso, que só posso apontar como um ultraje à Misericórdia”.
“A nossa equipa é altamente qualificada, temos um anestesista especializado neste tipo de doenças, uma bióloga e uma enfermeira com mais de quatro anos de experiência em infecciologia, o que demonstra que não andámos a brincar, nem com doentes, nem com os familiares. É tudo muito grave”, sentencia Bento Morais.
No ofício enviado às autoridades, e a que O MINHO teve acesso, a Santa Casa de Vila Verde explica que, num universo de 650 colaboradores, “apenas um deu positivo”, e que de um universo de 300 utentes, existe apenas um infetado que terá vindo de um hospital público já nessas condições.
Referem ainda que, de entre 120 médicos que trabalham no organismo, não há registo de infeção. Acrescenta ainda que, “na sequência deste episódio, foram rastreados pelo INEM os 44 utentes internados nas unidades, dos quais só um testou positivo”, e que o mesmo já era conhecido. Aduz ainda o ofício que “todos os doentes se encontram estáveis”.