Os Encontros da Imagem – Associação Cultural inauguram, sexta-feira, às 18:00, em Braga, a Galeria Encontros da Imagem Estação, que se localiza no rés do-chão do antigo Edifício da Estação da CP, com vistas e abertura direta para a Gare de passageiros.
O seu diretor Carlos Fontes revelou a O MINHO que a Galeria fará, pelo menos, seis exposições por ano, no quadro de um protocolo assinado com o Município, cujo presidente, Ricardo Rio, preside ao ato inaugural.
“Queremos contribuir para a divulgação de projetos de jovens ou emergentes artistas fotográficos, em particular nacionais, mas também estrangeiros”, explicou, adiantando que acolherá outras atividades, como conferências, debates temáticos, projeções de imagens fotográficas e videográficas.
A primeira exposição denominada “O real através de múltiplas facetas“, é uma seleção de trabalhos de artistas, que, desde 1990 foram convidados para fotografar a cidade de Braga, no projeto “Memórias da Cidade”.
Os trabalhos, que podem ser vistos até 4 de setembro, são de autoria dos fotógrafos: Agostinho Gonçalves, António Julio Duarte, Fernando Pinheiro de Almeida, Fréderic Bellay, Gonçalo Delgado, Graça Sasfield, Hans van der Meer, Hugo Delgado, Jim Dow, Luc Choquer, Luis Mendes Santos, Luísa Ferreira, Mariano Piçarra, Martin Parr, Paulo Catríca e Pedro Letria, entre os mais de trinta que desenvolveram trabalhos em Braga.
Múltiplas facetas da cidade
Na introdução à Exposição, Carlos Fontes diz que, “as fotografias agora expostas foram objeto de uma escolha criteriosa por parte da Direção dos Encontros de Imagem que, necessariamente, deixaram de lado outras tantas que, como podemos admitir, poderiam igualmente figurar. No entanto, aqui reside o poder mágico da imagem, encantatório, de tocar no mais fundo da alma daqueles que a experienciam, despertando mesmo a sua sensibilidade e, assim se espera, conduzindo a uma reflexão mais aturada”.
Trata-se – acrescenta – “de um conjunto multifacetado que apresenta um viver diferenciado através dos diferentes olhares daqueles que fotografaram quer as várias manifestações de um profano, quer as de um sagrado substantivadas em imagens da cidade de Braga, nos distintos momentos da sua construção, crescimento e progresso, assim como nas suas cenas do quotidiano e mesmo das suas vivências. Uma comunidade que, se não se revisita na sua tradição, se nela não se revê, ora de modo mais nostálgico ora de um modo mais projetivo, acaba fatalmente por sofrer as agruras de uma crise de identidade coletiva, sinónimo da perda psico-histórica de aspetos fundadores de uma história local”.
E, prosseguindo, anota: “Uma interrogação que legitimamente poderá ressaltar aos olhos do público: qual o denominador comum do conjunto de fotografias heterogéneo selecionado para esta exposição? Seríamos tentados a responder que esse mesmo conjunto, aparentemente heterogéneo, reflete o Zeitgeist — espírito do tempo ou espírito da época — da cidade de Braga, nos seus diferentes momentos, de se dar a ver na sua beleza, acompanhada de diferentes sensibilidades e sentidos, e de se mostrar através dos seus diferentes espaços. Tempo, espacialidade, olhares, sentimentos diversos contribuem para celebrar uma história citadina que importa agora, mais do que nunca nestes tempos incertos e de medos pandémicos, reviver, recordar a fim de que a esperança não nos abandone”.