A Ucrânia rejeita a ‘ajuda’ do neonazi português Mário Machado, que foi autorizado por um tribunal a ir combater naquele território, justificando que “a ausência de condenação por crimes” é um critério-chave para a aceitação de candidatos à Legião Internacional.
“A ausência de condenação por crimes, comprovada através do registo criminal, é um dos critérios chave para a aceitação de candidatos na Legião Internacional de Defesa Territorial das Forças Armadas da Ucrânia. A pessoa que refere não pode ser aceite”, afirmou o coronel Sergii Malyk, adido militar da Embaixada da Ucrânia em França, em declarações ao Diário de Notícias.
De acordo com aquele jornal, o adido militar assegura que o nome de Mário Machado será transmitido “a todos os serviços” e agradece a informação. “Se sabem de pessoas deste tipo que queiram ir para a Ucrânia digam. Não queremos indivíduos deste género no nosso país”. E acrescenta: “Queremos impedir a infiltração de elementos criminosos e não confiáveis na Ucrânia e nas suas Forças Armadas”.
Como O MINHO noticiou, o português Mário Machado, que se encontrava a cumprir uma medida de coação de apresentações quinzenais numa esquadra da PSP, foi autorizado pelo tribunal a ir combater na Ucrânia, estando por isso dispensado dessa obrigação.
Assumido neonazi está em vias de ser julgado num processo de incitamento ao ódio racial e violência, bem como indiciado por posse de arma proibida.
Segundo o semanário Expresso, que avançou a informação, a autorização foi dada por um juiz do Tribunal de Instrução Criminal, que considerou aceitáveis os argumentos do arguido, dada a atual conjuntura internacional.
De acordo com a mesma fonte, Mário Machado irá liderar um grupo de oito portugueses que deverá sair de Portugal já no próximo domingo.
A informação foi confirmada à Rádio Renascença pelo advogado José Manuel Castro, que defende Mário Machado.
“O que o tribunal permitiu foi o fim das apresentações quinzenais do Mário Machado enquanto estiver a lutar na Ucrânia por razões humanitárias e caso se veja envolvido em situações de conflito e combate o que é normal numa guerra pode também combater, mas isto num aspeto defensivo”, disse à Renascença.
A Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro, desencadeando uma guerra que provocou um número ainda por determinar de baixas civis e militares.
Até ao final do dia de quarta-feira, ONU confirmou a morte de 780 civis, incluindo 58 crianças, mas tem alertado que os números reais “são consideravelmente mais elevados”.
A guerra, que entrou hoje no 23.º dia, também levou à fuga de quase cinco milhões de pessoas, mais de três milhões das quais para os países vizinhos, na pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).