São um dos poucos grupos musicais do país compostos por professores no ativo. Juntam a música mais tradicional à poesia e acabam de lançar os dois primeiros videoclips.
Os ‘Trovar D’Alma’ têm seis anos de existência, 50% de reportório original e construíram um local de ensaios ecológico e moderno.
À entrada da casa em madeira, que serve de local de ensaios, salta logo à vista a quantidade de instrumentos musicais pendurados nas paredes ou devidamente acondicionados em prateleiras. “Foram todos reconstruídos pelo grupo”, atira o líder do grupo Armando Machado, diretor do Agrupamento de Escolas de Moure e Ribeira do Neiva, em Vila Verde, como se adivinhasse a pergunta.
Adufes, maracas, pandeiros, gaita de foles, vários instrumentos de corda forram as paredes e estão ali ‘à mão de semear’ para uma qualquer eventualidade.
O ensaio começa por um dos temas mais conhecidos do grupo: ‘Por Igrejas e Capelas’ é um original de Zé Machado com arranjos do próprio grupo. Foi o primeiro videoclip lançado pela banda.
Dina Bicas, professora de Português-Francês e Carlos Esteves, de Expressões, são os vocalistas dos Trovar D’Alma. A única mulher é também a declamadora de serviço: “é uma das nossas particularidades. Vamos recitando algumas poesias de expressão portuguesa ao longo do espectáculo. Tivemos algum receio no início mas a aceitação tem sido muito boa”.
‘Malhão do Souto’, também já disponível no youtube, ‘Rosa Tirana’ e ‘Flor de Chá’, um instrumental original do grupo dão sequência ao ensaio.
Armando Machado, em guitarra, é o líder do grupo, ele que esteve na fundação do grupo ‘Raízes’. Ao lado, também em guitarras estão José Martins, professor de Expressões e Arlindo Sousa da área das Ciências.
Paulo Antunes, de Geografia e Henrique Pereira, de Matemática ficam encarregues da percussão. As teclas são da responsabilidade de António Fonseca, docente de Matemática.
Presente em todos os ensaios e concertos está o responsável pela sonoplastia, Rui Vieira de Expressões.
“A nossa preocupação está na divulgação da música tradicional, dos nossos instrumentos, dos poetas mais clássicos”, refere Armando Machado. Nesta altura, têm 13 músicas totalmente prontas e que irão ser divulgadas ao longo dos próximos meses pelas redes sociais: “desta forma, chegamos mais longe e mais pessoas”.
Garrett
A estreia oficial do grupo aconteceu no mês de Fevereiro de 2012, durante uma iniciativa muito conhecida em Vila Verde, o ‘Mês do Romance’.
Uma nova pausa na conversa para ensaiar mais um tema: ‘Pescador da Barca Bela’ de Almeida Garrett e música dos Trovar é o mais recente tema e as paragens para ajustar vários pormenores são recorrentes.
“Agora vamos tocar seguido”, desafia Armando Machado. A concentração está ao máximo e o tema é tocado e cantado sem qualquer interrupção. “Mais uns ensaios e está pronto”, remata o líder. O reportório dos ‘Trovar D’Alma’ já vai nas 50 músicas e promete não ficar por aqui.
“O nosso caminho é ter um espectáculo só com originais nossos”. Por isso, têm andado a escrever poemas e músicas. O mais recente exemplo é um tema dedicado a Santo António com letra de Dina Bicas e música de José Fernandes.
Poesia
“Uma das nossas características é incluir, nos concertos, poesia de expressão portuguesa porque nós somos um grupo de música e poesia e há pouca gente a juntar este dois tipos de arte”, refere a vocalista.
Camões e Garrett já tiveram direito a poemas musicados e Sá de Miranda pode ser o próximo. Dina Bicas não tem dúvidas que “as palavras ganham outro tipo sentido e o nosso público, que é especial, gosta bastante”. Os Trovar D’Alma já deram mais de 20 concertos na região do Minho mas querem chegar a mais pontos do país.
Outra das particularidades do grupo é não terem um disco: “optamos pelas redes sociais. Chegamos ao público que nos interessa e chegamos mais longe”, confirma Armando Machado que dá o exemplo de um contacto na Galiza: “ouviu os dois temas no youtube e estamos a alinhar parcerias para o futuro”.