Os hospitais em parceria público-privada (PPP) de Cascais, Vila Franca de Xira, Braga e Loures pouparam dinheiro ao Estado entre 2014 e 2019, concluiu o Tribunal de Contas, na sequência de quatro auditorias, cujo relatório foi hoje divulgado.
No documento, lê-se que a a PPP do Hospital de Braga foi a que apresentou “a maior eficiência económica” no triénio 2016-2018 e “nos restantes indicadores também apresenta desempenhos superiores à média”.
Naqueles três anos, “os custos operacionais por doente padrão no Hospital de Braga foram os mais baixos no universo das cerca de 30 entidades comparadas, e 27% inferiores, em média, ao custo médio do seu grupo de referência. Nos restantes indicadores, os resultados são na sua larga maioria melhores do que a média do seu grupo – e mesmo expressivamente melhores, como é caso da utilização do bloco operatório, cerca do dobro da média do grupo”.
A PPP no Hospital de Braga, recorde-se, terminou em agosto de 2019, passando a unidade a ser gerida pelo Estado.
De acordo com uma nota do Tribunal de Contas (TC), a Unidade Técnica de Acompanhamento de Projetos, integrada no Ministério das Finanças, estimou as poupanças efetivas para o erário público em cerca de 203,3 milhões de euros, sublinhando que a poupança “tenderá a ser superior” pelo facto de apenas ter sido analisada parte da execução dos contratos de gestão.
“As PPP hospitalares foram genericamente mais eficientes do que a média dos hospitais de gestão pública comparáveis e estiveram alinhadas com o desempenho médio do seu grupo de referência quanto aos indicadores de qualidade, eficácia e acesso”, pode ler-se ainda no documento divulgado pelo TC, que refere que estes hospitais estão “plenamente integrados no Serviço Nacional de Saúde (SNS)”.
Em termos financeiros, é também destacada a existência de alguns litígios por resolver entre parceiros privados e Estado num valor global de aproximadamente 22 milhões de euros, devido a diferenças na interpretação dos contratos estabelecidos.
O TC deixa, contudo, o aviso para alguns desafios no futuro, que passam, essencialmente pela “monitorização dos indicadores de desempenho” em todos os hospitais do SNS, “adequando-os com base na experiência adquirida, bem como de outros mecanismos como a avaliação da satisfação dos utentes”. E acrescentou que é necessário assegurar um equilíbrio entre a produção contratada e as necessidades de serviços de saúde existentes.
“O Tribunal considera que será relevante que, no futuro, a escolha entre a contratação pública tradicional e as PPP continue a ser fundamentada em análises custo-benefício, por forma a garantir a melhor aplicação dos dinheiros públicos para a satisfação de necessidades coletivas”, refere ainda o relatório-síntese do TC.