O Tribunal de Braga absolveu, ontem, um homem que foi julgado sob a acusação de ter incendiado o quarto dos pais, em São Mamede de Este, Braga, para os matar.
O coletivo de juízes considerou não haver prova suficiente para o condenar, já que os pais se recusaram a contar o que se passou, de forma a ilibar o filho.
O arguido, que se mostrou arrependido em julgamento, ouviu a leitura do acórdão por videoconferência a partir da cadeia de Paços de Ferreira. No final, e depois de ter dito que iria ser solto, o coletivo de juízes lembrou-lhe que fica em liberdade condicional, estatuto que já tinha antes de ser preso preventivamente neste processo. Cristiano António Ferreira estava em liberdade condicional – cumpriu 12 anos – por ter sido um dos autores do homicídio de um homem de alcunha o Mingoto, da Póvoa de Lanhoso.
Estava acusado de incendiar o quarto dos progenitores, só não os matando porque o pai conseguiu apagar as chamas a tempo. Mesmo assim, dizia a acusação, o filho ficou a fechar a porta do quarto para garantir que não fugiam e morriam asfixiados ou queimados. Mas acabou por se escapulir quando percebeu que o pai chamara a GNR.
Foi julgado por homicídio qualificado na forma tentada e furto qualificado. A acusação diz que o móbil do crime terá sido o de andar desavindo com os pais porque estes não lhe davam dinheiro que chegasse para consumir drogas e não lhe cediam o carro.O crime ocorreu pela 01:00 da madrugada de 26 de setembro de 2017. O Cristiano, de alcunha o Branquinho, hoje com 36 anos, entrou, afável, no quarto dos pais, que já estavam deitados e ligou o aquecedor pois “estava com frio”. Um gesto que visava um eventual alibi, o de que as chamas que viria a atear, seriam culpa do aparelho.
Saiu do quarto, e uma hora depois, entreabriu a porta, regou o chão com álcool etílico e pegou-lhe fogo.
O local tinha carpetes, mantas e roupa, o que garantia que a cama também arderia. Como o quarto não tinha chaves, ficou à porta, a fechá-la, com as mãos.
O pai, Manuel Ferreira, de 60 anos, ainda “meio-acordado”, sentiu o fogo e alertou a mulher, não tendo evitado que Fátima Antunes ficasse com queimaduras nos pés e pernas, que obrigaram a internamento no Hospital. Ao tentar sair, deu com a porta trancada pelo filho, chamando, então, a GNR.