Carlos Vaz, dirigente do partido Aliança de Braga, que deve integrar a coligação PSD/CDS/PPM nas eleições autárquicas, tem três propostas: um “centro de invenção” para as indústrias tradicionais e as startup’s, um gabinete para uma economia de baixo carbono e candidatura a Cidade Europeia da Mobilidade em 2030.
O ano de 2020 foi complicado para todo o país e também para os Municípios. Como valora a gestão municipal no ano transato e no que vai de mandato?
O partido Aliança tem pouco mais de dois anos de existência, e por isso as nossas discussões internas sobre o mandato de Ricardo Rio são bastante recentes. É evidente que há vários grandes sucessos e algumas coisas que gostaríamos de já ter visto concretizadas ou melhoradas. Por isso não faltarão sugestões nossas no próximo mandato, como se verá. A Câmara fez muito bem em promover medidas de apoio às rendas e de isenção parcial em tarifas de água, saneamento e resíduos urbanos durante a pandemia. Aliás, a própria ONU reconheceu os méritos destas medidas. Esteve bem na criação de um hospital de campanha e para vacinação no Fórum Braga. Gostaríamos de ver mais intervenção no nivelamento dos passeios da cidade e eliminação de obstáculos que dificultam a vida a pessoas com dificuldades na locomoção e falta de visão, por exemplo.
O Aliança não tem representação direta na Câmara, nem na Assembleia Municipal. Que propostas teria apresentado se neles estivesse representado?
Teríamos apresentado muitas propostas, e esperamos que as próximas eleições nos deem essa oportunidade, que não tivemos até agora. Podemos dar uns exemplos. Procurar a proximidade e envolvimento do cidadão nas decisões autárquicas, fomentando e facilitando a intervenção cívica dos cidadãos, para que assinalem os problemas que vêm a nível de freguesia e concelho, e até mesmo criar um prémio anual ao cidadão que mais contribuiu com sugestões válidas para melhorar o concelho. Criar um balcão de apoio judicial e consultadoria para pessoas com poucos recursos, de modo a facilitar ao cidadão carenciado ou idoso e aos imigrantes a navegação no meio da burocracia, e esclarecer os seus direitos. Desconcentrar o gabinete de apoio à Pessoa idosa, com uma equipa de intervenção especializada e de proximidade. Dotar o balcão de apoio ao empreendedor e à internacionalização da empresa, de um gabinete técnico de apoio a projetos agrícolas e/ou florestais de pequena e média dimensão; e priorizar a requalificação dos parques industriais. Entregar os computadores a tempo de as crianças mais carenciadas manterem o acesso ao Ensino em modo online e corrigir assim a falta de compromisso do Governo. Promover o facto histórico de Braga ter sido a capital do reino suevo, criando um museu do reino suevo (pode começar por ser uma ala de um outro museu), um percurso turístico suevo e assinalar os eventos relacionados com a história do reino suevo.
O ano que agora começa será de eleições autárquicas…O Aliança pode vir a integrar a Coligação Juntos por Braga. Que contributo traz à cidade e à sua governação?
O Aliança é um partido muito jovem que tem a virtude de conseguir trazer para a política, pessoas que nunca se envolveram significativamente em atividades políticas. Muitos, quiçá a maior parte, nunca tinham estado num partido político. São profissionais que montaram a sua vida com o seu próprio esforço, e que, a certa altura, sentiram que tinham de fazer algo mais pelo País e pela sua Cidade do que mandar bocas em frente à televisão. São pessoas com carreiras profissionais bem-sucedidas no empreendedorismo, no ensino, nas tecnologias, na gestão e também em atividades de voluntariado, no associativismo, no combate à fome e à pobreza. Podem, portanto, contribuir com ideias diferentes, que correspondam às reais necessidades dos bracarenses, das suas famílias, dos diversos intervenientes da sociedade. De alguma forma, é como envolver a sociedade civil nas decisões da cidade. Preocupa-nos muito os efeitos devastadores da pandemia, em particular na educação das crianças, nas famílias e nos microempresários, que representam em Braga cerca de 98% do tecido económico e que não têm sido devidamente apoiados pelas medidas de apoio para mitigar os efeitos terríveis na economia.
“Viver Braga” e Segurança
Numa cidade cada vez mais cosmopolita, seremos uma voz ativa em tudo que diz respeito à dignidade do ser humano, à vida, à liberdade, ao amor à Pátria, à família, à defesa da propriedade privada, à autoridade do Estado e à identidade histórica e cultural de Portugal. Mas seremos simultaneamente defensores dos Bracarenses, devolvendo-lhe a cidade e criando todo um conjunto de opções de modo de vida, opções culturais, recreativas, gastronómicas, desportivas, em múltiplos espaços, incluídos museológicos, natureza, religiosos e outros que garantam viver bem em Braga, mas especialmente que permitam “Viver Braga” e esse será o nosso cartão de visita, também para os Turistas que nos visitam. Conscientes da crescente ameaça à segurança das Pessoas e das instituições, por fenómenos naturais, mas especialmente por ataques cibernéticos e por grupos violentos, acrescida da forte probabilidade de novas pandemias, seremos promotores de iniciativas prioritárias que visem reforçar e capacitar a Proteção Civil, com meios e competências na prevenção e na mitigação dos riscos das ocorrências. Na governação, a par dos contributos à coligação Juntos por Braga, a Aliança assentará os seus contributos nos três eixos fundamentais da matriz do ALIANÇA: Personalismo, Liberalismo e Solidariedade.
Acudir às pessoas
O próximo mandato será porventura o mais exigente em democracia. Temos de acudir às Pessoas, temos de criar condições para que a Economia recupere e temos que continuar a perspetivar o Futuro de Braga, tendo em especial atenção a preservação do ambiente e a aceleração digital. Dada a exigência do próximo mandato e conhecendo a “hipoteca orçamental herdada”, o executivo terá de ter nos incentivos e programas de apoio europeus a sua capacidade de investimento e endereçar todas as oportunidades criadas pelas políticas e apoios europeus, criteriosamente selecionados e eficazmente tratados, criando externalidades positivas na cidade a partir das políticas municipais implementadas. Propomos várias medidas, em 5 frentes: primeiro para as Pessoas, as famílias que foram privadas da sua liberdade e vêm afetadas as suas vidas; seguida para a Economia, cada vez mais digital e que obrigará a urgente requalificação das Pessoas; para a Sociedade, cada vez mais envelhecida, e os Jovens com maior dificuldade na habitação e na entrada no mercado de trabalho; para o Ambiente e a atenção que merece para evitarmos futuras pandemias e doenças; e para a Cultura, a preservação do património e o acesso ao espaço cultural por todos os bracarenses.
“TRÊS PROPOSTAS”
A título de exemplo, apresentamos três propostas relativamente à economia, a habitação e a mobilidade: 1) Braga beneficia de um ecossistema social, educativo e económico, diria único em Portugal. Somos uma cidade média, muito atrativa e muito forte em termos da oferta de universidades, centros de investigação e outros serviços. Além disso, Braga tem qualidade de vida, comparando com cidades parecidas em Portugal e no estrangeiro. Somos uma cidade competitiva, o que atrai grandes multinacionais à procura de talento de grande qualidade. Isso é importante, mas a nossa proposta vai no sentido de irmos mais longe na capacidade de criar, na capacidade de Braga se tornar num “centro de invenção” para as indústrias tradicionais da região e potenciar muitas mais startups em áreas disruptivas, em estreita relação com os centros de conhecimento da região. Propomos um forte investimento na criação de condições de competitividade para as nossas indústrias, sejam tradicionais ou tecnológicas, promovendo maior valor de exportação no concelho de Braga. Esta aposta na iniciativa privada é a forma de tornarmos a nossa região mais resiliente, mais competitiva e com melhores condições para investidores e trabalhadores.
Betão nunca mais
Braga ainda hoje é conhecida pela cidade do betão e a nossa proposta é “cidade do betão, nunca mais”. Neste particular cabe aos promotores dos empreendimentos inovarem e proporem uma construção sustentável, em harmonia com a sustentabilidade do ambiente. Braga tem aqui um longo caminho a percorrer. Propomos um ambicioso programa de restauro e conservação de edifícios, começando pelos devolutos, mas chegando a todos os edifícios, sejam privados ou públicos, habitações, empresas e outros. Propomos um gabinete, que em estreita colaboração com entidades especializadas, promovam o Roteiro da EU de Transição para uma Economia de Baixo Carbono em 2050 e para que os munícipes, empresas e outras instituições possam beneficiar dos apoios UE e dos seus instrumentos a nível de edifícios, de desempenho energético e do combate à pobreza energética dos nossos munícipes.
Cidade Europeia da Mobilidade
A mobilidade, nos formatos em que a conhecemos, é de facto um enorme constrangimento para Braga, que vem agravando de ano para ano face ao crescimento de utentes e aos pecados do passado, que muito condicionam qualquer intervenção. Propomos aqui uma intervenção disruptiva, que dê resposta àquilo que serão as necessidades Braga 2050 e enquadrado nas perspetivas de rápida evolução nos modelos e meios de mobilidade nos próximos anos e elencadas, em parte, nas políticas europeias de mobilidade e no Roteiro Nacional para a Descarbonização em 2050. Braga deve ter a ambição de ser a Cidade Europeia da Mobilidade em 2030 e para isso, dada a exigência e o desafio, propomos criar uma equipa que possa estudar o que de melhor se faz neste domínio, envolver especialistas e a sociedade para rapidamente propor uma solução, mesmo que incremental, e que permita coabitar o automóvel com a bicicleta, ligando com unidades nodais de outros meios de transporte, atuais e futuros, sejam rodoviários, ferroviários ou aéreos. Os condicionalismos futuros à aviação promoverão a ferrovia e Braga tem que estar ligada à Europa por esse meio, o que será um fator competitivo para a região, para as pessoas, empresas e mercadorias, no novo mapa europeu de transportes. O executivo liderado pelo Dr. Ricardo Rio tem sabido interpretar os principais aspetos económicos e sociais do concelho, e por isso seremos uma voz de reforço e de alerta sempre que se justificar, mas seremos acima de tudo uma voz na criação e promoção de políticas que incentivem à melhoraria da condição de vida das Pessoas, seja pela Educação, promoção preventiva de Saúde, seja pela Habitação condigna, ou no apoio à iniciativa Privada, garantindo as condições e infraestruturas mais avançadas. Vamos ajudar a tornar Braga mais digital, ainda mais atrativa, mais competitiva e onde vivamos bem e seguros.