Três jovens brasileiros, com idades entre os 20 e os 22 anos, residentes em Braga, queixaram-se à PSP da cidade de um homem, com cerca de 30 anos, empresário e dono de um bar no centro da cidade, dizendo que deu um murro num deles com uma soqueira, causando-lhe cortes numa orelha.
”Era uma hora da noite, da última segunda-feira. Estávamos sentados no chafariz junto à Arcada, o homem passou com um cão pela trela e disse qualquer coisa que não compreendemos. Rimo-nos por pensarmos que era alguém, como sucede com muitos portugueses, que apenas queria conversar com brasileiros”, contou um deles, sob anonimato, a O MINHO.
PSP diz que queixa vai ser investigada
E continuou o jovem do país ‘irmão’: “Pouco depois, e nós já estávamos de pé para irmos embora, ele veio e sentou-se junto ao chafariz. Aí começou a dizer que o Brasil é uma merda e que nós éramos vagabundos, gente que não trabalha nem estuda. Retorquimos, sem levantar a voz, que todos os três trabalham, eu num bar do centro e os outros também, e que somos, também, estudantes”.
“Brasileiros são filhos da p***”
Aí o homem – sublinha – desatou a dizer que os “brasileiros são uns filhos da p***, o que nos levou a começar a sair do local para ir para casa… Só que, ele foi atrás de um de nós, e, pelas costas, deu-lhe um murro no pescoço, com uma soqueira, deixando-o a sangrar”.
E, prosseguindo, diz ainda: “Ainda pensamos agredi-lo, mas decidimos apenas ir atrás dele, para vermos onde morava. E chamamos a PSP. Pelo caminho ele telefonou a alguém conhecido dele e disse: “Acabei de bater em três gajos! E foi indo em direção à rua da Sé onde entrou numa casa fronteira à Catedral. Entretanto, a Polícia chegou, tocou à campainha e obrigou-o a descer, para o identificar”.
Um dos três jovens filmou parte da cena, nomeadamente quando o colega a sangrar e quando o carro patrulha da PSP chegou a casa do suspeito.
Esse pequeno trecho de vídeo foi colocado pelo ‘site’ morarembraga.pt nas redes sociais, Facebook e Instagram, mas retirado, na quinta-feira, já que os jovens temem eventuais represálias.
“Calhou-nos um xenófobo”
E a concluir: “Estou em Braga há oito anos, os meus amigos, há cinco e nunca tivemos problemas com ninguém. Adoramos Braga e as suas gentes, mas calhou-nos a nós, agora, um xenófobo”.
Importa sublinhar que além do crime de ofensa á integridade física, o alegado agressor pode vir a ser incriminado por xenofobia, já que a Lei 93/2017 estabelece o regime jurídico da prevenção, da proibição e do combate à discriminação, em razão da origem racial e étnica, cor, nacionalidade, ascendência e território de origem.
