Alto Minho
Três décadas a amenizar trauma do internamento de crianças no hospital de Viana
Há quase três décadas que Madalena Ponte, educadora de infância no serviço de pediatria do hospital de Viana do Castelo, faz “tudo para que as crianças se sintam o melhor possível” e ameniza o trauma de um internamento hospital.
“É difícil, porque depende da personalidade e da situação de saúde da criança, mas, regra geral, conseguimos ultrapassar. O internamento não pode ser um corte muito brusco nas rotinas quotidianas das crianças. Tentamos amenizar esse corte”, observa.
Madalena não considera que o internamento hospitalar “tenha que ser necessariamente uma situação traumática” e sublinha que a prova disso mesmo é que “quando passa o pior, as crianças começam a sentir-se bem no serviço”. E depois de terem alta, “muitas regressam para me visitar”, acrescenta.
“Há uns anos, tive aqui um adolescente que esteve internado durante vários meses. Depois de ter alta, veio sempre visitar-me, mais tarde veio apresentar-me a noiva, e depois o primeiro filho”, conta, orgulhosa.
“Só nessas alturas é que eu tenho noção de há quanto tempo estou aqui, e da importância do nosso trabalho”, diz, referindo-se a todos os profissionais daquele serviço.
Desde o início do ano e até outubro, já passaram pela pediatria de Viana de Castelo mais de 1.100 crianças, sendo que em média a duração do internamento é de cerca de três dias.
A “missão” que aceitou levar a cabo, em 1988, quando entrou naquela unidade, era “muito diferente” da que aprendeu durante o curso e da realidade que encontrou, enquanto estagiária, num jardim-de-infância.
“Desde logo”, explica, “porque as crianças estão internadas por algum motivo de saúde” e, depois, explicou, porque “não há um ano letivo para a adaptação e para desenvolver um trabalho de continuidade”.
No hospital tudo depende do período de internamento, “cada vez mais curto”, e da idade das crianças internadas naquele serviço, alargada até aos 18 anos.
O “segredo”, confessa Madalena, está “na empatia imediata” que tem que estabelecer com a criança.
“Tem que ser imediata a relação afetiva que se estabelece com a criança, porque não temos tempo”, explica.
Os casos de crianças internadas na sequência de problemas sociais ou com doenças “mais complicadas” são geridos “com maior dificuldade” e exigem mesmo “um certo distanciamento emocional”.
“Não é tornarmo-nos insensíveis mas, a uma certa altura, temos que ganhar uma armadura qualquer, pelo menos, que para nos permita lidar com as crianças e estarmos alegres e bem-dispostas”, admite.
Ao longo das quase três décadas de trabalho naquele serviço, também já entrou triste e foram as crianças lá internadas que “amenizaram a tristeza que sentia”.
“Por mais triste que às vezes possa estar, e já houve situações que me senti muito triste, a partir do momento em que entro no serviço tenho que estar alegre e o facto de eu ter que estar com as crianças ajuda a esquecer os meus problemas”, reforça.
Na “salinha” onde trabalha “com os meninos e as meninas”, desenvolve todo o tipo de atividades, desde a pintura, a trabalhos manuais, à leitura, até aos jogos eletrónicos.
“É conforme a vontade deles”, afirma, enquanto recorta os enfeites que já vão colorindo a árvore de Natal colocada na pediatria.
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