As tradições da AGRO – cuja 51ª edição começará já esta quinta-feira e se prolongará até domingo, no novo Forum Braga – remontam a 1792, tendo sido Braga a pioneira ao nível mundial no conceito de feiras agrícolas, por iniciativa do arcebispo Frei Caetano Brandão.
Em viagem à Biblioteca Pública e Braga e ao Arquivo Distrital de Braga, através de uma investigação de Rosa Cunha, realizada em 2017, ano em que se comemorou meio século de atividade ininterrupta da icónica AGRO – Feira Internacional da Agricultura, Pecuária e Alimentação, em Braga apurou-se ter sido D. Frei Caetano Brandão, um dos arcebispos de Braga mais conceituados, a dar o seu primeiro passo, com repercussões internacionais.
D. Frei Caetano Brandão pretendia assim promover a agricultura – e em especial a cultura do linho e da oliveira – fomentando as artes mecânicas associadas àquela atividade muito enraizada no Minho, bem como a formação dos respetivos estratos profissionais.
Resistências iniciais vencidas
D. Frei Caetano Brandão, reformista e visionário, enfrentou então não poucas resistências inclusivamente com os editais rasgados e alguma imprensa a satirizar a iniciativa, ainda segundo a mesma investigação histórica, onde se revela que logo nas duas exposições seguintes, em 1793 e 1794, afinal as posições iniciais inverteram-se, com esse modelo a ser replicado não só no Porto e em Lisboa, como também em Paris e Londres.
Mas somente em 1893 voltou a haver uma exposição agrícola, em Braga, por iniciativa do governador civil, Januário Coreia de Almeida, no Campo de Santana, a atual Arcada, com agricultores da província minhota e delegações de Lisboa, Porto, Viana do Castelo, Vila Real e Bragança, tomando conhecimento com o arado.
De 27 a 30 de julho de 1924 decorreria, em Braga, nova exposição agrícola, coincidindo com o III Congresso Agrícola Nacional, tendo em 1928 havido nova feira de caraterísticas idênticas.
Do São João até à Autonomia
A partir de 1968, já integrada nas festividades de São João, passou a realizar-se em 1978 autonomamente, acedendo à União de Feiras Internacionais, tendo lugar primeiro junto ao Estádio 1º de Maio, depois na Quinta do Sardoal, mais tarde na primeira fase do Parque de Exposições de Braga e agora no Forum Braga.
Este trabalho de investigação fundamental para o enquadramento histórico da AGRO e das suas raízes ancestrais como fenómeno social, cultural e económico teve a colaboração de Alfredo Barbosa, Elísio Araújo, Eugénio Silva, Felicidade Gonçalves, Hermínia Fernandes, José Alberto Gomes, José Olímpio, Luís Araújo e Sandra Meneses, entre outros, materializando-se em parceria com a InvestBraga e a quem cabe realizar a AGRO.