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Trabalhadores dos Estaleiros no filme “O inquieto”

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“O inquieto”, a primeira parte do filme “As mil e uma noites”, de Miguel Gomes, inspirado em histórias verídicas ocorridas num tempo de austeridade, estreia-se na próxima quinta-feira, em cerca de vinte salas de cinema.

“As mil e uma noites”, um filme dividido em três partes, chega aos cinemas portugueses com um rasto de elogios da crítica internacional e com alguns prémios conquistados em festivais ao longo dos últimos meses. Em setembro, será exibido no Festival de Cinema de Nova Iorque.

Os três filmes inspiram-se na estrutura do livro de contos “As mil e uma noites”, mas Xerazade é narradora de ficções baseadas em testemunhos verídicos que retratam a sociedade portuguesa no meio da crise social e económica, em 2013 e 2014.

Em “O inquieto”, Miguel Gomes incluiu, por exemplo, depoimentos dos trabalhadores dos estaleiros navais de Viana do Castelo, em luta pela manutenção da empresa, recuperou a história de uma desavença entre vizinhas, por causa de um galo barulhento, e ficcionou as negociações do Governo com a ‘troika’.

“As mil e uma noites” integra ainda os filmes “O Desolado”, que se estreia a 24 de setembro, e “O Encantado”, com estreia a 01 de outubro, totalizando seis horas, com atores profissionais e amadores.

A atriz Crista Alfaiate interpreta o papel de Xerazade. Entre os atores profissionais do elenco estão Luísa Cruz, Teresa Madruga, Adriano Luz, Carloto Cotta, Gonçalo Waddington, Joana de Verona e Rogério Samora.

Em entrevista, Miguel Gomes, 43 anos, explicou que uma das razões que o levaram a criar “As mil e uma noites” foi “querer fazer um filme em que a ficção é muito assumida e é quase delirante”.

“Para contrapor à má ficção que é a mentira dos políticos que fazem de conta que tudo está bem. E essa é a má ficção, porque é a ficção que se finge real, que se tenta passar pela real. A boa ficção só pode ser a ficção que se assume como ficção, não quer mentir”, disse.

Os três filmes tiveram estreia mundial em maio, em Cannes, e foram considerados pela crítica um dos acontecimentos do festival, com chamadas de primeira página na imprensa.

O jornal Libération descreveu-o como um “épico” e o Le Monde afirmou que é “uma epopeia fantástica, uma canção de amor aos derrotados da História, que são os portugueses de uma Europa em crise”.

Rodado em película, o filme é uma coprodução entre Portugal, França e Alemanha, e teve um orçamento de 2,7 milhões de euros.

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