A deputada do PCP disse à Lusa que os trabalhadores da fábrica de condutores elétricos Solidal, em Esposende, “receberam hoje 50% dos salários de junho”, mas desconhecem quando irá ser pago o valor restante.
“Na reunião que mantive hoje com uma delegação da comissão sindical e com representantes do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Atividades do Ambiente do Norte [SITE Norte] fui informada que os trabalhadores receberam 50% do salário de junho, mas não sabem quando irão receber o restante”, afirmou a deputada comunista.
A empresa emprega 330 pessoas, maioritariamente residentes nos concelhos de Esposende, Póvoa de Varzim, Barcelos e Porto.
Carla Cruz adiantou que “os trabalhadores que gozaram férias em junho e julho não receberam subsídio de férias”.
“Os trabalhadores confirmaram a existência de negociações entre a administração da empresa e dois investidores. O sentimento dos trabalhadores é de grande apreensão, em relação ao seu futuro e ao da empresa. Há uma elevada preocupação e desânimo”, disse Carla Cruz, destacando a “situação dramática de alguns trabalhadores”.
“Há casos em que mais do que um membro da mesma família trabalha nesta empresa”, realçou.
Na terça-feira passada, a administração da fábrica de condutores elétricos Solidal admitiu que ainda não tinha pago os salários de junho aos seus 330 trabalhadores e adiantou que procurava investidores para a sua viabilização a longo prazo.
Em nota enviada à Lusa, a administração explica que ainda não conseguiu pagar os salários por ter sido “surpreendida” com a “indisponibilidade de apoio” por parte do seu principal banco.
Sublinha que, em 50 anos de história, esta foi “a primeira vez” que não logrou o “pagamento pontual” dos salários.
Acrescenta que o conselho de administração da empresa tem reunido periodicamente com todos os trabalhadores, “prestando todas as informações relevantes”.
Carla Cruz adiantou estar a aguardar resposta do Ministério do Trabalho e da Segurança Social ao requerimento apresentado, na semana passada, onde o PCP questionava sobre a ausência de intervenção da Autoridade para as Condições de Trabalho.
“O SITE Norte já solicitou a intervenção da ACT mas, até hoje, ainda não se verificou”, referiu a deputada comunista, revelando ter questionado o Ministério do Planeamento e das Infraestruturas sobre os fundos comunitários atribuídos à empresa, em 2009 e 2011.
“Queremos saber se o Ministério tem acompanhado o que tem sido feito com estes fundos”, referiu, garantindo ter “dado conta aos trabalhadores das diligências efetuadas pelo PCP” e manifestando disponibilidade para continuar a seguir a situação.
“Pedimos aos trabalhadores que nos informem de novas informações que possam vir a surgir, para vermos o que podemos continuar a fazer”, afirmou.