Três das seis principais linhas de produção da Super Bock pararam durante esta manhã durante o primeiro período de greve convocada pelos sindicatos, que durará seis dias. A informação é avançada pelo Sindicato dos Trabalhadores da agricultura e das indústrias de alimentação, bebidas e tabacos (Sintab), que fala em “grandes níveis de adesão”.
Em comunicado enviado à imprensa, o sindicato fala ainda em “pressões exercidas sobre os trabalhadores nos últimos dias, e de alguns incidentes identificados como violação do direito à greve”, que teve início esta quinta-feira.
De acordo com o sindicato, no serviço de enchimento, durante o primeiro período de greve, entre as 09:00 e as 11:00, três das sies linhas ficaram “totalmente paradas”, enquanto outra trabalhou apenas durante parte do tempo. As outras duas linhas trabalharam com recurso a trabalhadores temporários.
“No serviço de produção (adega e fabrico de cerveja), em que uma paragem exige procedimentos com seis horas de antecipação, a direção do serviço não precaveu a greve, impossibilitando que os trabalhadores a ela pudessem aderir sem pôr em causa, quer a segurança das instalações e equipamentos, quer a qualidade do produto”, denuncia o Sintab.
O Sintab já havia acusado na terça-feira passada a Super Bock de estar a ameaçar cortar o subsídio de escala a quem aderisse à greve de seis dias que arrancou esta quinta-feira, mas a acusação foi refutada pela cervejeira.
Segundo o Sintab, o processo de negociação das condições de laboração contínua “mantém-se dinâmico e não está ainda fechado”, e lembra que há “uma grande quantidade de trabalhadores que não aceitam a proposta da empresa por conter cláusulas (…) ilegais e abusivas”.
A greve que os sindicatos agendaram para os próximos dias deve-se à falta de dinâmica, provocada pela empresa ao parar a negociação, quando declara ter apresentado uma proposta final, que não é satisfatória para os trabalhadores, explica o sindicato, alertando que quem aceita o acordo de laboração contínua “não tem de abdicar de nenhum direito” e “muito menos ser coagido a não reclamar aumentos salariais e dias de férias que estão a ser negociados para toda a gente e que nada tem a ver com a laboração contínua”.
A par da acusação do condicionamento do direito à greve sobre os trabalhadores, o sindicato acusa também a cervejeira Super Bock de estar a proceder à “substituição ilegal de trabalhadores em greve, durante o período de greve ao trabalho suplementar, recorrendo à alocação de trabalhadores temporários para trabalhos fora do âmbito do motivo justificativo que validava a sua contratação”.
A “alteração das escalas, horários e regimes de trabalho na área fabril de Leça do Balio contra a recomendação do Governo, implementando horários que passaram a promover o cruzamento total entre trabalhadores, quando anteriormente se trabalhava em espelho”.
A mesma fonte oficial da empresa acrescenta que a Super Bock Bebidas tem um “histórico de postura e espírito construtivo e negocial” e que “sempre pautou e pautará a sua atuação pelo cumprimento escrupuloso da lei”.
Nesta, como nas anteriores greves, a empresa sempre respeitou e continuará a respeitar a decisão dos trabalhadores.”
Relativamente às afirmações que são veiculadas sobre a alteração de escalas, horários e regimes de trabalho na área fabril de Leça do Balio, a empresa esclarece que essas matérias têm tido uma colaboração estreita dos organismos representativos dos trabalhadores, designadamente da Comissão de Trabalhadores da empresa.
No que diz respeito à “substituição ilegal de trabalhadores em greve”, a empresa não pode deixar de afirmar “que se trata de uma clamorosa inverdade.”